Diplomacia ou barbárie? O Brasil diante das investidas de Trump

Atualizado em 11 de agosto de 2025 às 12:17
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Roberto Schmidt/AFP

Por Adhemar Bahadian, publicado no Jornal do Brasil

Por maior que seja nossa boa vontade, as manifestações públicas da Embaixada dos Estados Unidos da América em Brasília ultrapassam as mais rudimentares noções do comportamento diplomático, do Direito Internacional e até mesmo das regras mais inquestionáveis do bom-senso do convívio humano.

Falta sobretudo educação na forma como o Brasil, país tão soberano quanto os Estados Unidos da América, vem sendo admoestado e inquirido sobre temas de sua exclusiva competência jurídica.

Bem verdade que uma parcela razoável do partidarismo brasileiro perdeu igualmente o bom-senso e até mesmo a dignidade cívica ao buscar aconchego e acalanto nos braços dos próprios carrascos e desta forma nos fazer a todos duplamente injustiçados e envergonhados.

O espetáculo de desrespeito aos ritos democráticos por nós presenciado nas salas do Congresso Nacional em nada nos dignifica nesta hora em que somos diariamente achincalhados por um presidente sem noção do respeito devido a nações amigas. A instituições democráticas e a países aliados que se irmanaram em defesa da Democracia na Segunda Guerra Mundial. Não só enviando tropas ao teatro das hostilidades, mas também cedendo porções estratégicas de território para permitir a eficácia dos ataques aliados a terceiros países. Bases militares no Nordeste do país.

O Brasil não é uma republiqueta de musical da Broadway. Não é palco para um inexpressivo encarregado de negócios se intrometa a se dirigir aos juízes do Supremo Tribunal Federal como se estivéssemos nas páginas dos romances de Mario Puzzo. Ou a assistir as estrepolias da máfia nos filmes a retratar Dom Corleone e seus escroques. Ou o Macartismo velho e podre.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O Brasil não é a casa da mãe Joana e não há de ser porque neste momento aqui pululem metástases cancerígenas morais, que iremos assimilar injúrias de quem quer que seja, principalmente de quem não nos tem nada a ensinar sobre o respeito ao Direito Internacional e às regras do sistema econômico internacional.

O presidente dos Estados Unidos da América se permitiu com uma bofetada destruir todo o arcabouço internacional criado e estimulado por seu próprio país nos últimos oitenta anos. Desta forma, o presidente nos ensina a desprezar toda nossa crença nos mecanismos do relacionamento sadio entre as nações.

Ao fazer de tarifas absurdas o único parâmetro do comércio internacional, Trump faz a humanidade regredir quase um século na construção de um capitalismo de essência democrática e reabre as comportas de autoritarismo de tonalidade fascista, responsável por milhões de mortes na Segunda Guerra Mundial.

Trump não destrói apenas o capitalismo moderno. Trump acredita na força da espoliação e da barbárie.

Impossível ver nas medidas que adota contra a ciência e a educação qualquer sinal de afinidade com o desenvolvimento de um mundo melhor. Seu desprezo às consequências das mudanças climáticas faz dele um Átila contemporâneo.

Nada podemos fazer para que o povo americano acorde deste pesadelo em que a humanidade está submersa.

Mas, temos a obrigação de, no Brasil, tudo fazer para que os seguidores deste insano e desta insânia não plantem aqui as mesmas tumbas que estão a plantar nos Estados Unidos e por onde marchem as tropas desta desvairada alucinação.

O Brasil nunca precisou tanto dos brasileiros. Não importa nesta hora senão a nossa mais primitiva decisão de salvarmos nossa pele. Nossa dignidade. Nossa VIDA.

A cada dia, a cada manhã, devemos nos levantar com a determinação do guerreiro.

Nada, nem a intriga nem a corrupção, nem mesmo o encantamento diabólico de sentar à mesa com os arquitetos da fantasia neocolonial, nos fará desviar o olhar de nosso compromisso com a terra que herdamos de nossos pais e nos obrigamos a deixar a nossos filhos.

Nossa Missão nesses próximos meses é cortar o mal pela raiz. Temos absolutamente que sanear este país nas próximas eleições.

E não se enganem. Nós sabemos muito bem o que vocês fizeram no verão passado.