Diretor da PF admite lavagem de dinheiro em bets: “Precisamos fechar o cerco”

Atualizado em 15 de setembro de 2024 às 11:59
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, expressou preocupações sobre a crescente influência do crime organizado e da lavagem de dinheiro no setor de apostas online, também conhecido como “bets”. Em um jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo, na última quinta-feira (12), Rodrigues discutiu com empresários os desafios que o rápido crescimento dessas plataformas tem gerado para o país.

“Precisamos fechar o cerco ao fluxo econômico do crime organizado, de bilhões e bilhões, a partir da investigação financeira, da cooperação internacional, da capacitação e de parcerias entre empresas privadas e a Polícia Federal”, afirmou Rodrigues.

O avanço das apostas online e as brechas legais que permitem sua expansão preocupam tanto o governo quanto o setor privado.

O Estadão revelou recentemente que casas de apostas estão explorando lacunas na legislação eleitoral para oferecer prêmios a quem acertar o vencedor das eleições municipais em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Após a repercussão da matéria, três das cinco plataformas que promoviam apostas eleitorais interromperam o serviço.

Durante o encontro, João Camargo, chairman do Esfera Brasil, e Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, alertaram para os riscos de longo prazo que as apostas online podem trazer para o país. Segundo eles, a legalização desse tipo de atividade pode transformar uma prática que antes era restrita à contravenção em algo socialmente aceito, criando problemas econômicos e sociais.

PF em ação contra lavagem de dinheiro de bets, que culminou na prisão da influencer Deolane. Foto: reprodução

“Pessoas viciadas em apostas estão deixando de comprar bens e serviços essenciais, e até mesmo de se alimentar para continuar jogando”, disseram. Além disso, o aumento da inadimplência é uma consequência temida por especialistas.

Empresários que participaram do evento também apontaram que o governo precisa agir de forma contundente para evitar que a situação saia de controle. Para eles, focar apenas na arrecadação de impostos sobre esse setor pode ser um erro estratégico. Estudos indicam que, uma vez regulamentado, o mercado de apostas e cassinos online pode gerar até R$ 10 bilhões anuais em receitas para o governo brasileiro. No entanto, esse mercado só deve ser formalmente regulamentado a partir de 2025.

Em nota, o Ministério da Fazenda reforçou que as apostas sem relação com esportes ou jogos online “não são previstas pela legislação vigente, e, portanto, não podem ser consideradas legalizadas nem em fase de regulamentação”.

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