Diretor de fundação judaica observa um “renascimento de grupos neonazistas” no Brasil

Atualizado em 17 de fevereiro de 2023 às 22:41
Jovem que jogou bombas caseiras em escola de Monte Mor, no interior de São Paulo. Foto: Reprodução

A prisão de um adolescente de 17 anos, detido após atentado terrorista com bombas caseiras em duas escolas enquanto usava uma braçadeira com uma suástica, símbolo nazista, reacendeu um alerta para o crescimento do antissemitismo no Brasil. Com informações da BBC News Brasil.

O episódio ocorreu na manhã da última segunda-feira (13) em Monte Mor, interior de São Paulo, que abriga a Escola Estadual Professor Antonio Sproesser e a Escola Municipal Vista Alegre. O agressor é ex-aluno.

Para Ariel Gelblung, diretor para a América Latina do Centro Simon Wiesenthal, o episódio é reflexo do fortalecimento da ideologia neonazista no país durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Há um renascimento de grupos neonazistas no Brasil. Vimos algo semelhante acontecer nos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump, quando membros da extrema direita se achavam no direito de expressar e dizer qualquer coisa”, afirmou o advogado.

“O mesmo aconteceu no Brasil durante o governo Bolsonaro”, acrescentou.

Gelblung disse ainda que, embora esteja tranquilo que não houve vítimas ou danos significativos durante o atentado, ele está preocupado com o episódio em si.

O ataque terrorista nas escolas mobilizou a polícia, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros. Ao ser apreendido, o rapaz portava uma machadinha.

Segundo a Guarda Municipal, foram encontrados um caderno e livros com referências nazistas e uma réplica de fuzil em um carro utilizado pelo jovem e na casa dele.

“É a primeira vez que vemos algo assim recentemente no Brasil. Trata-se de um adolescente e sinceramente não sabemos se a motivação foi pessoal ou ideológica. Mas isso é um sinal de que temos que ficar em alerta”, afirmou Ariel.

Para o advogado, as alianças feitas por Bolsonaro durante seu mandato deram espaço para o crescimento de uma extrema direita violenta. “Bolsonaro recebeu e se aproximou de uma representante da AfD da Alemanha”, disse Gelblung, em referência à recepção à deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

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