
Reportagem da Folha de S.Paulo reconhece que algumas movimentações de última hora não foram captadas pelas pesquisas de intenção de voto divulgadas pelo Datafolha e pelo Ipec: ambas foram divulgadas na noite do sábado e a votação transcorreu ao longo do domingo.
Os dois institutos apontavam os dois candidatos que passaram para o segundo turno na mesma ordem de suas votações e com uma distância considerável do segundo pelotão, ocupado por Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) bem como sinalizavam para a possibilidade da realização de segundo turno, tal como transcorreu.
Datafolha e Ipec registravam Lula com 50% e 51% dos votos válidos ,respectivamente, com uma margem de erro de 2 pontos. Lula teve 48,4% dos votos.
No caso de Bolsonaro, de fato a distância foi maior: os 36% do Datafolha (e 37% do Ipec) atribuídos a Bolsonaro ficaram distantes dos 43,2% alcançados pelo atual mandatário nas urnas.
“Pesquisa não é prognóstico. Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna”, diz Luciana Chong, diretora do Datafolha, que nega ter havido erro metodológico do instituto.
“As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá”, manifestou-se o Ipec, em nota.
A diretora do Datagolha defende que é bastante provável que tenha emergido um voto útil pró-Bolsonaro, vindo de eleitores mais conservadores de Tebet e de, principalmente, Ciro.
O medo de que Lula fosse eleito no 1º turno pode ter contribuído para esse comportamento, defende Luciana Chong.
“Ao longo de toda a campanha, o Ciro ajudou a alimentar o antipetismo. Mas na hora do voto, parte dos eleitores movidos por esse aspecto desistiram dele e escolheram Bolsonaro”, diz Chong.
A observação dos números dá razão à tal interpretação: Ciro perdeu 2 pontos entre a pesquisa e sua votação real.
Paralelamente, 13% dos entrevistados anunciaram que seus votos poderiam mudar: esses votos tendem a terem sido dados a Bolsonaro.
Outro ponto relevante foi destacado pelo ex-diretor do Datafolha, Mauro Paulino, em sua participação na GloboNews: 2022 teve a menor taxa de votos nulos e brancos das últimas eleições.