Para quem é familiarizado com Jair Bolsonaro, não soa estranho o discurso débil e brevíssimo – seis de 30 minutos previstos – em Davos.
Durante a pré-campanha de 2018, em sabatina com a presença de três mil pessoas na Marcha dos Prefeitos organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília, o agora presidente foi ainda mais econômico: utilizou menos de sessenta segundos em cada resposta, irritando a plateia.
Foi vaiado duas vezes.
Na primeira, perguntou: “É para mim ou pelo tempo? Já estou satisfeito. Vamos para a próxima”.
Na segunda onda de apupos, subiu o tom:
“Quem tiver ideias, por favor, me procure. Não vim aqui para dizer que sou melhor do que os outros. Não tem solução fácil. Não tem espaço aqui para gente que, na base do grito e do gogó, diz que vai resolver”, afirmou.
No fim das contas, diante de prefeitos ou dos principais líderes mundiais reunidos na Suíça, Bolsonaro é o mesmo: o valentão que dispara tuites a torto e direito do sofá da sala se revela um gatinho assustado quando, diante de qualquer plateia, é instado a discorrer sobre qualquer assunto.
Os líderes mundiais foram mais polidos que os prefeitos. Bolsonaro deve estar feliz, sentindo-se como o estudante que levou vermelha o ano todo, mas acabou salvo pelo gongo.
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