Disparo do dólar antes do tarifaço gera suspeita de vazamento na Casa Branca

Atualizado em 19 de julho de 2025 às 6:41
Gráfico com a variação da cotação do dólar em 9/7 e o repórter Felipe Santana, da TV Globo. Reprodução

Compra e venda de dólares no Brasil no dia do anúncio do tarifaço de Donald Trump levantou suspeitas de uso de informações privilegiadas no mercado financeiro. Segundo o “Jornal Nacional”, em 9 de julho, horas antes do anúncio oficial de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma movimentação bilionária de compra de dólares foi registrada.

Às 13h30, investidores adquiriram entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões a R$ 5,46, e venderam pouco depois do anúncio oficial a R$ 5,60, obtendo lucros de até 50% em três horas.

Spencer Hakimian, gestor de fundo de investimentos em Nova York, afirmou que a transação indica que alguém sabia previamente do tarifaço. O mesmo padrão de movimentação ocorreu em anúncios anteriores de tarifas por Trump contra África do Sul, União Europeia, México e Canadá.

O professor Paul Johnson, da Fordham University, declarou que o caso brasileiro demonstra ação baseada em informação privilegiada, embora a chance de investigação seja mínima, já que os órgãos competentes são subordinados ao governo Trump.

Parlamentares democratas nos Estados Unidos expressaram preocupação e pediram investigações, mas não houve avanço no Congresso. Trump, por sua vez, tem plena consciência do impacto de seus anúncios sobre o mercado e já comentou sobre bilionários próximos que lucraram nessas situações.

O controle político sobre o Departamento de Justiça e a SEC dificulta apurações sobre quem lucrou com a desvalorização do real, ampliando a suspeita de que aliados do ex-presidente estejam por trás dessas operações.