Dissimulados, Militares negam visitas e dizem que Delgatti ficou apenas 20 minutos na Defesa

Quem mandou o hacker lá 'discutir com os técnicos' e preparar o relatório fraudulento foi Bolsonaro

Atualizado em 20 de agosto de 2023 às 19:22
Walter Delgatti Neto durante depoimento na CPMI dos atos golpistas. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, esteve nas instalações do Ministério da Defesa para discutir a segurança das urnas eletrônicas, segundo militares que participaram da equipe de fiscalização do processo eleitoral do ano passado.

Dois integrantes das Forças Armadas envolvidos no processo afirmaram à Folha de S.Paulo que o hacker esteve uma única vez na sede da pasta. A conversa teria durado cerca de 20 minutos, segundo os relatos.

Os militares, no entanto, negam que Delgatti tenha influenciado na elaboração do relatório final da fiscalização.

Técnicos e membros do Ministério da Defesa alegaram, sob reserva, que Delgatti esteve na pasta apenas no dia 10 de agosto de 2022. Ele estava acompanhado do coronel da reserva Marcelo Câmara, então assessor especial da Presidência.

Sede do Ministério da Defesa, em Brasília. Foto: Reprodução

A versão dos militares contradiz a apresentada pelo hacker à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro, na última quinta-feira (17). Na ocasião, Delgatti disse que participou de cinco reuniões no ministério durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A ida do hacker foi intermediada por Bolsonaro. “A conversa foi bem técnica, até que o presidente me disse, falou assim: ‘Olha, a parte técnica eu não entendo. Então, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa, e lá, com os técnicos, você explica tudo isso’”, disse Delgatti durante depoimento à CPMI.

Segundo os relatos, o prédio da pasta estava esvaziado quando ocorreu a visita do hacker. Delgatti chegou ao ministério pelo subsolo do edifício, sem fazer registro na portaria. Em seguida, ele subiu ao oitavo andar e se encontrou com um dos técnicos que compunham a equipe de fiscalização.

Na versão que circula entre os militares, o técnico da Força percebeu na conversa que o hacker não conhecia o sistema eleitoral com profundidade e, por isso, não teria nada a acrescentar ao trabalho.

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