“Ditadura judicial”: Veja a escalada de ataques do governo Trump contra Moraes nas redes

Atualizado em 8 de agosto de 2025 às 10:08
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

A ofensiva digital do governo Donald Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se intensificou nas últimas semanas.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil passou a reproduzir, em português, mensagens de autoridades americanas que criticam Moraes, ameaçam seus “aliados” e anunciam sanções — um movimento que ganhou corpo desde 14 de julho e escalou com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De posts da Embaixada a sanções formais

As publicações com críticas diretas a Moraes aumentaram a partir de 14 de julho, quando autoridades dos EUA iniciaram declarações públicas contra o ministro. Em 18 de julho, o secretário de Estado Marco Rubio anunciou a suspensão de vistos de Moraes, de outros ministros do STF e de familiares.

Duas semanas depois, o governo americano informou que Moraes foi incluído na lista de sancionados pela Lei Global Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção em larga escala.

Após a prisão de Bolsonaro, o tom sobe mais

Com a prisão domiciliar de Bolsonaro decretada por Moraes, o discurso endureceu. O vice-secretário de Estado Christopher Landau falou em “impulsos orwellianos desenfreados” e acusou o ministro de transformar críticas em “obstrução de justiça”.

A Secretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental passou a pedir, abertamente, que “deixem Bolsonaro falar!”, prometendo responsabilizar quem “colaborar ou facilitar condutas sancionadas”.

O secretário adjunto de Diplomacia Pública, Darren Beattie, afirmou que aliados de Moraes também poderão ser alvo de sanções e disse que Washington acompanha a situação do Brasil “de perto”. Como em outras ocasiões, a Embaixada dos EUA no Brasil compartilhou os posts em português, ampliando o alcance das mensagens no país.

Cronologia: o que disseram as autoridades dos EUA

14 de julho — Darren Beattie (Secretário Adjunto de Diplomacia Pública)

“O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal Federal de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano. Esses ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil. As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos observando de perto.”

18 de julho — Marco Rubio (Secretário de Estado)

“O presidente deixou claro que sua administração responsabilizará estrangeiros responsáveis por censurar manifestações protegidas nos Estados Unidos. A caça às bruxas promovida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola os direitos básicos dos brasileiros, mas também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir americanos. Por isso, ordenei a revogação imediata dos vistos de Moraes, de seus aliados na corte e de seus familiares diretos.”

24 de julho — Darren Beattie (Secretário Adjunto de Diplomacia Pública)

“O ministro Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, que, por sua vez, restringiu a liberdade de expressão nos Estados Unidos. Graças à liderança do presidente Trump e do secretário Rubio, estamos atentos e tomando providências.”

30 de julho — Marco Rubio (Secretário de Estado)

“O presidente dos EUA e o Departamento do Tesouro sancionaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, sob o programa de sanções Global Magnitsky por graves abusos aos direitos humanos. Que isso sirva de alerta para aqueles que pretendem pisotear os direitos fundamentais de seus compatriotas — togas não os protegerão.”

30 de julho — Darren Beattie (Secretário Adjunto de Diplomacia Pública)

“As sanções contra o ministro Moraes, anunciadas hoje, deixam claro que o presidente Trump leva muito a sério o complexo de censura e perseguição no Brasil, do qual Moraes foi o principal arquiteto. Aqueles que forem cúmplices nas violações de direitos humanos promovidas por Moraes devem estar atentos.”

30 de julho — Secretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental

“Os Estados Unidos estão tomando medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, sob o programa de sanções Magnitsky Global. Usaremos todos os instrumentos diplomáticos, políticos e legais apropriados e eficazes para enfrentar atores estrangeiros malignos.”

4 de agosto — Christopher Landau (Vice-secretário de Estado)

“Um dos desafios de ser uma autoridade pública é que suas ações estão sujeitas a críticas. Isso faz parte da função e é preciso estar preparado para isso. Aparentemente, ninguém avisou isso ao ministro Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, que hoje colocou o ex-presidente Bolsonaro em prisão domiciliar e o privou do acesso a um celular. O crime dele? Aparentemente, criticar o ministro Moraes, algo que agora o ministro convenientemente classifica como “obstrução de justiça”. Os impulsos orwellianos desenfreados do ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial.”

4 de agosto — Secretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental

“O ministro Alexandre de Moraes, já sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!
Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas.”

6 de agosto — Darren Beattie (Secretário Adjunto de Diplomacia Pública)

“O ministro Moraes é o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção sob a Lei Global Magnitsky, imposta pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes na corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não ajudar nem encobrir o comportamento sancionado de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto.”