Dívida brasileira chegará a 80% do PIB ao fim do mandato de Temer. Por Eduardo Reina

Atualizado em 2 de agosto de 2017 às 18:25
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As pesquisas de opinião podem mostrar que ampla maioria dos brasileiros quer o afastamento de Michel Temer da Presidência da República. A oposição pode se esgoelar o quanto quiser. A grande imprensa até pode mudar de opinião e falar agora que o afastamento de Temer é a melhor medida a ser tomada.

Nada vai adiantar se o chamado “mercado” continuar ao lado de Temer. Nada vai adiantar se as fontes irrigadoras continuarem abertas com suas canaletas findando nos gabinetes de parlamentares da situação.

Enquanto isso, os cofres da União continuam à mercê do homem que tem a caneta na mão em Brasília. Para a verba não secar, aumentam-se impostos, cortam-se investimentos prioritários para a sobrevivência da população, eliminam-se garantias dos trabalhadores.

Ou seja, a verba de investimento no social vai para garantir a manutenção do que hoje está aí na política. A gastança não tem fim para garantir o poder.

O que vai sobrar para os brasileiros daqui a alguns anos?

Uma dívida enorme. Que vai chegar a quase 80% de tudo o que se produz em um ano de trabalho da nação. Vai doer ainda mais no bolso do pobre brasileiro.

Não vai sobrar para investimentos no social. Nem para ampliação e manutenção da infraestrutura nacional. O Brasil poderá parar. Será um país sem estabilidade.

A falta de investimentos colocará serviços públicos em patamares piores do que são hoje. Saúde, educação, segurança, transporte público retrocederão a níveis de décadas atrás. E a população continuará pagando a conta de um país que gasta mais do que arrecada.

A Dívida Pública Federal (DPF) em maio de 2016, mês do afastamento de Dilma Rousseff da presidência, era de R$ 2,87 trilhões. Cerca de 60 dias depois, quando foi realizado o julgamento do impeachment pela Câmara dos Deputados e afastamento definitivo de Dilma, essa dívida já estava em R$ 2,95 trilhões.

E de acordo com o último dado informado pelo Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, em junho último, véspera da votação do pedido de impeachment de Temer, disparou para R$ 3,35 trilhões.

O que significa esse número na casa dos trilhões?

Essa quantia representa o volume da conta que o Governo federal, presidido por Michel Temer, tem pendurada, e que não deverá deixar dinheiro suficiente no cofre para pagar no longo prazo.

Hoje, e em médio prazo, está ficando cada vez mais difícil manter uma arrecadação suficiente para pagar até mesmo os custos com folha de pagamento, Previdência, etc. além de ter verba para investimentos no social.

O pobre povo brasileiro paga mais e mais impostos. Suporta uma carga tributária enorme, maior do que a de muitos países da América Latina. Boa parte dessa carga tributária brasileira deveria ter retorno à população através de serviços assistenciais e benefícios previdenciários. Mas todos conhecem as dificuldades de nossa saúde, educação, transportes.

E o “mercado” também ganha com essa alta carga tributária, na forma de juros pagos sobre a dívida.

E o governo federal, o que faz com essa dívida pública?

O governo cobre seu déficit tomando dinheiro emprestado de instituições financeiras, investidores estrangeiros e nacionais, que se transformam em credores do Estado. Esse tipo de empréstimo é bastante atrativo para o mercado.

É um bom negócio para o mercado porque os juros no Brasil são muito elevados. E isso tem a ver com o poder dos credores, do funcionamento do nosso sistema financeiro e da forma como o governo se financia, entre outros motivos.

A União pega a Dívida Pública Federal e a transforma em Títulos da Dívida Pública. Onde e quando o “mercado” se torna credor do Estado. A dívida tem prazo, vencimento e uma taxa de juros que o próprio governo define. Quando há o vencimento dos títulos, o governo rola a dívida, tomando novamente emprestado.

Atualmente não há ganho nenhum com esses títulos, já que o custo da rolagem é muito alto em razão dos juros reais elevadíssimos.

E as finanças públicas?

Basta olhar as previsões para a Dívida Bruta do Governo Geral, que abrange o total das dívidas de responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais – incluindo aí administração direta e indireta e o INSS (Previdência) – junto ao setor privado e ao resto do mundo.

No final do período de 2017, a previsão é de que essa Dívida Bruta atinja 75,86% do PIB, ou seja, 75,86% de toda a riqueza gerada pela economia brasileira ao longo do ano. É muito. O pagamento de juros sobre essa dívida vai fazer com que pouco sobre para o social.

E levando em conta as previsões de instituições financeiras publicadas no boletim Prisma, do Ministério da Fazenda, a Dívida Bruta poderá chegar no fim do mandado de Temer batendo nos 78,98% do PIB brasileiro.

Então, como ficarão os brasileiros?

Alguém acha que interessa ao “mercado” afastar Temer?