Do alto de sua pilha de cadáveres, Bolsonaro celebra sua também alta popularidade. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 14 de agosto de 2020 às 12:02

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POR LUIS FELIPE MIGUEL

Do alto de sua pilha crescente de cadáveres, o ex-capitão comemora sua popularidade também em alta. É o maior índice de aprovação desde a posse, diz o Datafolha.

Um governo corrupto, autoritário, incompetente e insensível. Como não aprová-lo?

Dizem os números que a popularidade sobe graças aos mais vulneráveis. É a gratidão de tantos brasileiros por poderem arriscar suas vidas, em meio à pandemia, para garantir o ciclo de valorização do capital, enquanto suspiram pelo auxílio emergencial que o governo fez de tudo para não conceder ou penam nas filas de hospitais que ele faz de tudo para sucatear.

Os estudiosos do bolsonarismo dizem que não devemos chamar seus seguidores de “burros”. Seria ofensivo.

Mas é difícil negar que a burrice faz parte da explicação. Não só ela, é claro. Um papel pelo menos tão importante cabe à perversidade.

O bolsonarismo se constitui como o espelho de um Brasil orgulhoso da própria ignorância, desonestidade e truculência.

Podemos – e devemos – discutir como chegamos até aqui. Por que temos sido incapazes de reverter essa pedagogia cotidiana da brutalidade e da incultura que é a grande escola de todos nós, brasileiros, desde que os portugueses aportaram por aqui.

Mas não adianta fingir que não está aí. O bolsonarismo é a aposta mais radical no nosso atraso – e está se mostrando vitoriosa.