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Do ex-ministro Eugênio Aragão sobre Janot: “Mas como é que eu errei TANTO?!”

Janot

Num encontro no Instituto Barão de Itararé, em São Paulo, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão abriu o coração sobre Rodrigo Janot, ex-PGR:

Eu fui ingênuo ao apoiar Rodrigo Janot. Quando você está no meio da coisa, você fica cego pelas próprias expectativas do que pode acontecer. A esquerda tinha uma enorme expectativa em relação ao Rodrigo Janot, ninguém fazia um exame frio. Isso hoje a gente pode fazer, já tendo sido derrotado, dá pra dizer que poderia acabar aqui.

Primeiro porque eu sabia dos antecedentes do Rodrigo, mas eu não levei a sério, porque achei que nossa presença neutralizaria as coisas. Ele me disse, por exemplo, que foi do departamento jurídico do Banco Nacional, e ali ele era o responsável pelas demissões. Então ele era o anjo exterminador, o capeta que quando entrava na agência todo mundo olhava.

Eu perguntei pra ele: “Isso não te afeta, não?” E ele disse: “Não. Eu sei que quando um pai de família perde o emprego, outro logo toma o seu lugar”. Eu vi ali uma certa psicopatia, uma tendência de falta de sensibilidade. E também sempre foi muito autoritário, paneleiro, no sentido de formar suas panelinhas.

E quem não se submete às suas turminhas é logo tratado de forma humilhante, excludente, talvez por um certo complexo de inferioridade. Ele teve uma origem muito humilde, e talvez isso o tenha afetado. E também era uma pessoa extremamente volúvel com as pessoas que estão ao seu redor, é o meio dele que determina o que ele faz. Então eu já tinha isso sobre ele, e quando você é um recrutador para um cargo de liderança, esse tipo de característica não dá.

Logo a seguir, quando começou a campanha dele, eram visíveis as contradições do discurso. Ele jogava para a plateia, dizia o que a plateia queria ouvir, e prometia um certo corporativismo dentro do MP, que cercou de pessoas que davam prioridade ao Ministério.

Ele foi o primeiro a contratar mídia profissional, a “Companhia da Palavra”, para fazer a campanha, então era uma coisa que ele queria muito, e quando uma pessoa quer muito um cargo, desconfie.

Eu me arrependo muito de tê-lo escolhido, sendo que havia uma alternativa muito superior, que era a Ela Wiecko. Se eu tivesse escolhido ela, a história teria sido diferente – provavelmente nem teríamos tido o golpe. Eu acordo às vezes à noite e me pergunto: “Mas como é que eu errei TANTO?!”.

Eu estava tão cego com a minha fidelidade para a campanha do Janot que não avaliei o que poderia sair daquilo. Eu era Sub-Procurador Eleitoral, fazia o que o Janot falava. Inclusive só saí porque a Dilma me pediu, mas naquele ponto eu já tinha percebido que dali não sairia coisa boa.

 

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