Documento sugere que Igreja Católica sabia sobre o Holocausto em 1942

Atualizado em 17 de setembro de 2023 às 9:33
Entrada do campo de concentração de Auschwitz – um dos maiores campos de extermínio utilizado pelos nazistas. (Foto: Reprodução)

Documentos encontrados entre os arquivos privados do papa Pio XII sugerem que a Igreja Católica havia sido informada em 1942 de que até 6.000 pessoas, “principalmente poloneses e judeus”, estavam sendo mortas em fornos todos os dias em Belzec, campo de extermínio nazista na Polônia. As informações são do The New York Times.

Por mais que notícias acerca das ações de Adolf Hitler já estivessem chegando aos ouvidos do papa nesta época, essa informação era especialmente importante pelo fato de que, segundo o arquivista Giovanni Coco, vinha de uma fonte confiável da igreja baseada na Alemanha.

A fonte, segundo o arquivista que também foi o responsável pelo descobrimento da carta reveladora, estava “no coração do território inimigo”, afirmou.

Coco, entretanto, afirmou que há a possibilidade de que Pio não tenha visto a carta, mas que ele está “99% certo” porque ela foi entregue ao secretário pessoal do papa, seu “braço direito”. O secretário teria encaminhado as informações ao papa, “se ele não lhe mostrou os documentos diretamente”, disse.

Ainda segundo o arquivista, Pio tinha medo de falar contra Hitler porque os nazistas atacariam os católicos em retaliação.

Outros historiadores também afirmam que Pio permaneceu em silêncio publicamente porque estava secretamente organizando —ou pelo menos permitindo— que católicos locais ajudassem e salvassem judeus dos nazistas, e ele também temia que os nazistas pudessem atacar os católicos.

Papa Pio XII. (Foto: Reprodução)

“Havia preocupação com o que poderia acontecer com os católicos na Polônia, na Europa Oriental, no Terceiro Reich, todos esses territórios sob controle nazista onde era difícil para a igreja intervir”, afirmou.

A carta, que será divulgada na próxima semana, incluía um apêndice com o número de padres presos no campo de concentração de Dachau, perto de Munique. Mencionava o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia (foto em destaque) e citava os milhares de poloneses e judeus sendo assassinados pelos nazistas em Belzec.

O documento também suplica ao Vaticano que seja cauteloso ao divulgar as informações que fornece “porque se ficasse claro que vinha da igreja alemã, a perseguição se tornaria mais feroz na Alemanha do que já era”, afirmou Coco.

O Vaticano foi procurado para falar sobre o caso, mas não respondeu aos pedidos de comentário.

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