Dodge deu a Dallagnol total autonomia destrutiva e precisa responder, no mínimo, por omissão. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de agosto de 2019 às 17:12
Raquel Dodge e Deltan Dallagnol

Raquel Dodge é co-responsável pela louca cavalgada de Deltan Dallagnol.

Ela e seu antecessor, Rodrigo Janot, em silêncio obsequioso desde que eclodiu o escândalo da Vaza Jato.

Em busca de sua recondução ao cargo por Jair Bolsonaro, Raquel preferiu a omissão e a sabujice.

Resolveu jogar parada, na esperança de as coisas se encaminharem positivamente para ela por inércia.

Topou até fazer chifrinho com o casal Bolsonaro, numa das cenas de sicofantismo mais patéticas da história da República desde Magno Malta se arrastando por um ministério.

Dallagnol gozou de uma autonomia destrutiva para qualquer organização. Manipulou a opinião pública em conluio com uma imprensa prostituta.

Nos últimos diálogos revelados pelo Intercept, desta vez em parceria com o El País, ele aparece tirando um sarro da chefe do Ministério Público.

Segundo DD, Raquel não confrontava Gilmar Mendes porque queria uma cadeira no Supremo.

Dallagnol ficou absolutamente solto para fazer o que quisesse, principalmente palestras e perseguir Lula e os petistas.

Mostram as mensagens que o sujeito não tinha decoro ou limite. É um caso clássico de sucesso que sobe à cabeça.

Um funcionário com esse poder é uma bomba relógio. 

Quando cobrada, Raquel saiu-se com uma nota marota alegando que “não sofreu qualquer pressão de qualquer tipo para determinar a medida de afastamento” de Deltan.

Corporativista, o CNMP fez vista grossa a todos os abusos do garoto propaganda da “força tarefa”, arquivando inquéritos a rodo.

O sinal para ele — e isso vale para qualquer um — era verde para voar. O próprio disse isso nos chats.

O resultado dessa balbúrdia ególatra não é apenas a auto demolição do cidadão, mas a desmoralização do MP e, por extensão, da Justiça brasileira.

Punir Dallagnol sem punir seus superiores é inócuo e, paradoxalmente, injusto.