
Dois homens mortos em confronto com a Polícia Militar horas antes da megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro, foram incluídos na lista oficial de mortos da Operação Contenção, divulgada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, conforme informações da Folha de S.Paulo.
Documentos revelam que ambos morreram cerca de quatro horas antes do início da incursão, que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais — a mais letal da história do país.
Os nomes de Alisom Rocha, conhecido como Russo, e Michael Douglas Rodrigues aparecem na relação divulgada pela polícia. Um deles foi citado pelo governador Cláudio Castro (PL) como suspeito morto durante a operação e apontado como chefe do Comando Vermelho no Espírito Santo.
Registros hospitalares mostram que os dois foram levados ao Hospital Municipal Salgado Filho antes do início da incursão. O número de atendimento médico de ambos consta nas fichas de autópsia e também no inquérito que investiga as mortes.
As autoridades indicam que o confronto ocorreu durante patrulhamento de rotina da PM, antes da ofensiva nos complexos. Inicialmente, as mortes não haviam sido incluídas no registro de ocorrência, mas o documento foi posteriormente atualizado com os nomes dos dois.

Relato à polícia e alegação de vazamento de informação
Enquanto recebiam atendimento, Alisom e Michael Douglas afirmaram a policiais que eram lideranças do Comando Vermelho (CV) e que haviam deixado os complexos após receberem uma informação vazada sobre a operação que seria deflagrada horas depois.
O relato foi registrado em boletim de ocorrência na Delegacia de Homicídios, mas não será investigado pela Polícia Civil nem pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Em nota, a Promotoria informou que “não recebeu, até o momento, qualquer informação oficial sobre eventual vazamento da operação”.
O secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, negou que tenha havido vazamento de informações sobre a ação.
“Quem disse que houve vazamento foram vocês. O que a gente falou é que, com a movimentação de viaturas, blindados e 2.500 agentes, os criminosos naturalmente ficam em estado de alerta em todas as comunidades. A gente repudia essa manchete sensacionalista”, afirmou.
Já o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, também rejeitou a hipótese de vazamento. Em entrevista, declarou: “Para haver uma investigação, tem que ter justa causa. Não um policial que ouviu dizer num grupo de WhatsApp.”