
A Monexa Gateway de Pagamentos, empresa investigada por receber R$ 45 milhões em transferências durante o esquema de desvio milionário no Pix, está registrada em nome de Lavinia Lorraine Ferreira dos Santos, de 24 anos. A jovem, que atua como vendedora, responde a um processo por tráfico de drogas em São Paulo e aparece como sócia de outras quatro empresas no país, conforme informações do colunista Josmar Jozino, do UOL.
No dia 23 de maio do ano passado, Lavinia foi presa em flagrante no quilômetro 527 da Rodovia Marechal Rondon (SP-300), na cidade de Araçatuba, interior paulista. Durante uma blitz, policiais militares abordaram um ônibus que fazia o trajeto entre Campo Grande (MS) e Brasília (DF). Ao revistarem os passageiros, os agentes notaram que Lavinia demonstrava nervosismo. Ela afirmou que seu destino era Aparecida de Goiânia, em Goiás.
Na mochila da jovem, os PMs encontraram 188,47 gramas de cocaína escondidos dentro de uma fralda, embora Lavinia não estivesse acompanhada de nenhum bebê. Questionada, ela disse que pegou a droga de um desconhecido em Campo Grande e a entregaria para outro desconhecido na Rodoviária de Goiânia. Afirmou ainda que receberia R$ 700,00 pelo transporte. Em seguida, os militares lhe deram voz de prisão.
Liberdade concedida em audiência de custódia
Na audiência de custódia, o juiz Marcel Peres Rodrigues decidiu conceder liberdade provisória para Lavinia. Segundo ele, a jovem não possuía antecedentes criminais, não fazia parte de organização criminosa e, embora a quantidade de droga fosse “considerável”, não seria “expressiva”. Com isso, foram impostas medidas cautelares em substituição à prisão.
Entre as determinações da Justiça, Lavinia deveria comunicar qualquer mudança de endereço, comparecer mensalmente ao juízo para justificar suas atividades e estava proibida de sair da comarca onde reside por mais de cinco dias sem autorização judicial. Além disso, foi obrigada a permanecer em casa nos dias úteis das 20h às 6h e não poderia sair nos fins de semana, feriados ou folgas, salvo em caso de trabalho lícito devidamente comprovado.
O Ministério Público de São Paulo denunciou Lavinia por tráfico de drogas, e o processo segue em andamento. No entanto, até a última atualização, a Justiça não conseguiu localizar a acusada no endereço que ela forneceu em Aparecida de Goiânia.
Empresa foi criada antes do ataque
A Monexa Gateway de Pagamentos foi aberta 19 dias antes do ataque hacker que resultou nos desvios milionários envolvendo a intermediadora C&M Software. De acordo com o pedido de investigação feito pelo Banco BMP, a empresa de Lavinia recebeu cinco transferências durante o período da invasão.
As movimentações somam quatro transferências de R$ 10 milhões e uma de R$ 5 milhões, realizadas por meio da Nuoro Pay — empresa suspensa do sistema Pix após o escândalo. A Monexa foi registrada no dia 11 de junho, e os desvios aconteceram na madrugada de 30 de junho, entre 4h30 e 7h.
Além da Monexa, outras quatro empresas foram abertas em nome de Lavinia no mesmo dia: Nuvora Gateway de Pagamentos, Pay Gateway de Pagame, Altrix Gateway de Pagame e Veltro Gateway de Pagamentos. Todas foram registradas em São José dos Pinhais, no Paraná.
Suspeito preso por facilitar o esquema
Na última sexta-feira, a Polícia Civil de São Paulo prendeu João Nazareno Roque, suspeito de envolvimento no esquema criminoso. Funcionário da C&M há três anos, ele teria sido cooptado por hackers e recebido R$ 15 mil para facilitar o desvio.
Segundo a investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Roque teria inserido “códigos maliciosos” no sistema da empresa, permitindo que os criminosos acessassem os recursos. Com esse acesso, os envolvidos desviaram cerca de R$ 541 milhões das contas reserva da instituição financeira BMP, uma das atingidas pelo golpe.