Dono de escola de elite no ABC paulista admite homofobia e leva multa de R$ 40 mil

Atualizado em 22 de abril de 2023 às 20:34
Fachada da escola Liceu Jardim, em Santo André (SP)
Fachada da escola Liceu Jardim. (Reprodução/Google Maps)

O proprietário do Liceu Jardim, de Santo André, na região do ABC paulista, Daniel Contro, reconheceu na Justiça a prática de crime de homofobia. Na última quarta-feira (19), após acordo, o dono do colégio de alto padrão em área nobre do ABC foi multado em R$ 40 mil – valor que será destinado a alguma entidade que atue na defesa da causa LGBTI+. Além disso, terá de se retratar publicamente.

Em reunião com responsáveis e estudantes no final de 2021, o proprietário do colégio, que chegou a ser secretário de Educação em São Caetano, fez diversos ataques e ofensas à comunidade LGBTI+ como mostraram áudios divulgados em redes sociais na época. Segundo afirmou a própria escola na época, o encontro era para discutir os desafios da retomada das aulas presenciais e o impacto psicológico da pandemia sobre os estudantes do 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental.

“Não temos nada contra quem tem opção homossexual. É um direito de cada um, a escola não vai interferir na escolha de ninguém. E nesta escola, dentro do nosso ideário pedagógico, há conjunto de valores dos quais não abriremos mão. Isso não será admitido como normal”, disse Contro aos pais no encontro.

Dono associou homossexualidade com criminalidade

Na ocasião, Daniel Contro também criticou a existência de relações homoafetivas. “Eu queria que alguém apontasse qual o benefício em se liberar isso. Em uma festa aqui nessa escola meninas acariciaram meninas e meninos acariciaram meninos. E, para eles, está muito natural isso. É moderno, liberou, agora é assim”, criticou.

O diretor chegou a dizer, entre outras coisas, que a homossexualidade teria relação com criminosos, operários e ciganos. E elogiou o governo de países que se posicionam contra a união de LGBTI+. “Isso não existe no Oriente. É só no Ocidente. Há o discurso nacional do presidente Putin se posicionando contra a ideologia de gênero. A China não está assim. Você acha que o Islã tolera isso?”, questionou.

O caso foi parar no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por iniciativa dos mandatos do vereador de Santo André Ricardo Alvarez (Psol) e do deputado federal Ivan Valente (Psol-SP). Após a devida investigação, a fala homofóbica tornou-se alvo de ação criminal.

Em junho de 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a prática de homofobia é crime, com a pena de reclusão de um a três anos, além de multa. Portanto, o acordo que resultou apenas na multa a Daniel Contro saiu barato.

Publicado originalmente em Rede Brasil Atual

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