
Daniel Vorcaro contratou o ex-presidente Michel Temer para auxiliá-lo em negociações com investidores árabes. Duas semanas antes de ser preso, os dois estiveram em Abu Dhabi tentando atrair aportes para o Banco Master.
Segundo a coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, o banqueiro recorria a figuras influentes do Executivo e do Judiciário para fortalecer sua atuação no mercado. Vorcaro já havia levado ao Master nomes como Henrique Meirelles, que integraram o conselho consultivo do banco.
A ofensiva internacional com Temer aconteceu justamente às vésperas da crise que resultaria em sua detenção. O empresário foi preso pela Polícia Federal na segunda (17), quando tentava fugir em um jato particular no Aeroporto de Guarulhos (SP). A PF afirma que ele planejava ir para a Europa; a defesa nega e diz que o destino seria Dubai para reuniões sobre a venda da instituição.
A prisão faz parte da Operação Compliance Zero, que investiga a emissão de títulos de crédito falsos. O Master prometia rentabilidade de até 40% acima da taxa básica do mercado, algo que, segundo a PF, jamais seria cumprido. A ação ocorreu um dia após a Fictor Holding anunciar proposta de compra do banco.

O caso envolve ainda operações com o Banco de Brasília (BRB). O Banco Central rejeitou a tentativa de aquisição do Master pelo BRB e identificou riscos e inconsistências nas transações. Papéis comprados pelo banco público fazem parte do inquérito conduzido pela PF.
Nascido em 1983 e formado em Economia com MBA pelo Ibmec, Vorcaro construiu carreira em setores financeiros e corporativos. Ele ganhou espaço nacional ao fechar negócios de grande porte com o governo do Distrito Federal por meio do BRB, até então vistos como demonstração de força no mercado.
Além do setor financeiro, Vorcaro é dono de 20,2% da SAF do Atlético-MG, adquiridos via Galo Forte FIP. A origem desses recursos está sob investigação por possível ligação com lavagem de dinheiro associada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).