Drogas, coação e escravidão sexual: denúncias revelam o lado sombrio do OnlyFans

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 10:40
Logomarca na home do site Onlyfans. Foto: reprodução

Em agosto de 2022, uma jovem escapou de dois anos de cativeiro em Wisconsin, nos Estados Unidos, onde era forçada por seu namorado a gravar vídeos de conteúdo sexual para plataformas online, incluindo o OnlyFans. Sua fuga, planejada secretamente após um episódio de violência, revelou uma rede de abuso que se aproveita de plataformas digitais para exploração sexual, de acordo com uma reportagem da Reuters.

Embora o OnlyFans seja amplamente divulgado como um espaço seguro para criadores de conteúdo adulto monetizarem suas produções, investigações recentes apontam uma face sombria. Documentos judiciais e entrevistas com vítimas e promotores revelam que mulheres têm sido drogadas, coagidas e mantidas em condições de escravidão sexual para alimentar lucros de traficantes por meio da plataforma.

Entre os casos está o do influenciador Andrew Tate, acusado na Romênia de forçar mulheres a produzir pornografia para o OnlyFans. Embora as acusações contra ele tenham ganhado notoriedade apenas na Europa, relatos menos conhecidos indicam que operações semelhantes ocorrem em bairros residenciais dos EUA, onde vítimas são abusadas sob o disfarce de vidas cotidianas.

Andrew Tate, à direita, e seu irmão Tristan deixam o tribunal em Bucareste, Romênia, em fevereiro de 2024. Foto: Vadim Ghirda/Arquivo/AP Photo

Segundo Catheline Torres, da National Human Trafficking Hotline, traficantes aproveitam a estrutura fechada do OnlyFans, onde conteúdos estão protegidos por paywalls, para operar com discrição. “Isso minimiza as chances de serem descobertos e processados”, afirma Torres.

Muitas vítimas relutam em testemunhar devido ao trauma e ao medo de represálias. Em Orlando, na Flórida, uma mulher escapou da exploração apenas porque a polícia prendeu seu agressor por um mandado não relacionado. Ela depois se retratou das alegações, temendo perder a guarda do filho.

Apesar das novas regras da plataforma que exigem consentimento por escrito para publicações, relatos mostram que abusos persistem. Em Arkansas, uma mulher denunciou que seu parceiro a forçava a produzir vídeos sob ameaça de violência.

O OnlyFans não é acusado criminalmente, mas enfrenta processos civis. Em um caso, a empresa é citada por lucrar com o vídeo de um suposto estupro. Em outro, é acusada de exploração de mulheres em Nevada por um ex-participante de reality show. O site, que retém 20% da receita gerada por seus criadores, defende-se sob proteções legais à liberdade de expressão.

Ainda assim, o Congresso dos EUA tem buscado reduzir as proteções de plataformas digitais contra ações judiciais relacionadas a conteúdos abusivos, colocando pressão sobre empresas como o OnlyFans.

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Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.