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Duas despedidas, dois palhaços num país que virou uma piada: Tiririca e Aécio. Por Kiko Nogueira

Piolim e Arrelia

Duas despedidas, dois palhaços, um país.

Tiririca subiu à tribuna da Câmara na quarta, dia 6, para fazer ali seu primeiro e último discurso.

O segundo deputado mais votado em 2014, com mais de 1 milhão de votos, não pretende mais se candidatar. 

“É triste e o que vi nesses sete anos, saio totalmente com vergonha. Não vou generalizar, não são todos, tem gente boa como em qualquer profissão”, falou para um plenário vazio.

Afirmou não ter feito “muita coisa”, mas atribuiu tudo à “mecânica louca” do Congresso Nacional.

“Estou saindo triste para caramba, estou muito chateado, muito chateado mesmo com a nossa política, com o nosso parlamento. Eu, como artista popular que sou e político que estou, estou bem chateado. Não com os meus sete anos aqui na política”, disse, supostamente emocionado.

“Jamais vou falar mal de vocês em qualquer canto que eu chegar”. 

Tiririca passou esse tempo sem fazer nada. Entrou com o mote “pior que tá, não fica”. Ficou. Não apresentou um projeto, não representou sua classe — seja ela qual for. Uma nulidade.

Vivia de selfies tiradas nos cantos do Congresso. Apoiou o impeachment. “Pela Florentina de Jesus, pelo meu cachorro Lulu, pela minha irmã Duculina, pela minha esposa, minha amante e minha namorada, meu filho que vai nascer em 2020, eu voto sim”, declarou.

É um macunaíma, mais um herói sem caráter, como Aécio Neves.

O senador escreveu uma carta ao PSDB dando adeus à presidência do partido após quatro anos em que ele ajudou a arrebentar um país e sua própria sigla.

Denunciado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, pilhado em grampos mafiosos com Joesley Batista, ele promete provar “a absoluta correção” de todos os seu atos.

“Venho me dedicando de maneira integral à minha defesa diante das falsas e criminosas acusações de que sou vítima”, escreveu.

“Considero que, no processo de sucessão interna ora em marcha, a unidade, a coesão, a firmeza de princípios – nos cobram, por exemplo, posição clara e corajosa em favor da aprovação da reforma da Previdência ora em debate no Congresso – são os valores maiores a serem perseguidos, a fim de que preservemos, na árdua disputa eleitoral que se aproxima, a coerência que construímos ao longo da nossa história”.

Rir é sempre o melhor remédio, mesmo diante de homens públicos desse nível. É a nossa tragédia nacional, nossa sina. A única maneira de sobreviver no Brasil é não levar esse circo a sério.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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