“Duas Hiroshimas”: ONU quer apuração sobre armas usadas por Israel em Gaza

Atualizado em 11 de novembro de 2023 às 12:42
Ataque aéreo israelense em Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito. Foto: Said Khatib/AFP

A ONU está intensificando esforços para que uma investigação seja conduzida sobre as táticas e armas utilizadas por Israel em Gaza. A entidade adverte que essas práticas podem configurar violações do direito humanitário internacional e crimes de guerra. A informação foi divulgada pelo colunista Jamil Chade, do UOL.

A Autoridade Palestina, por sua vez, apresentou documentos à comunidade internacional, denunciando que a quantidade de bombas lançadas sobre Gaza equivale a quase duas ogivas nucleares despejadas sobre Hiroshima ao final da Segunda Guerra Mundial.

“Para colocar isso em perspectiva, estima-se que o peso da bomba nuclear lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima, no Japão, no final da Segunda Guerra Mundial, tenha sido de cerca de 15 mil toneladas de explosivos”, apontou.

“Israel se gaba abertamente de ter lançado até agora mais de 12 mil bombas em Gaza, um território com 25 milhas de comprimento e com cerca de 1 milhão de jovens e crianças. Essas bombas têm um enorme poder destrutivo, algumas delas variando de 150 kg a 1.000 kg”.

O documento também acusa Israel de realizar a campanha de bombardeio mais intensa e duradoura da história em uma área povoada, incluindo o uso de fósforo branco, classificado como crime de guerra por organizações de direitos humanos.

Nos bastidores, a ONU expressa preocupação com a possibilidade de a comunidade internacional sinalizar que uma ofensiva militar desse porte pode ocorrer impunemente, caso não haja uma investigação.

Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza
Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza. Foto: Shadi Tabatibi/Reuters

O chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, durante uma viagem ao Oriente Médio, condenou os ataques do Hamas contra israelenses em 7 de outubro, classificando-os como inaceitáveis. No entanto, ele ressaltou que a paz duradoura não pode ser alcançada por meio do exercício de fúria contra pessoas não responsáveis pelos crimes.

“Mas está claro que a paz e a segurança duradouras não podem ser garantidas pelo exercício da fúria e da dor contra pessoas que não têm responsabilidade pelos crimes cometidos — incluindo os 99 membros da equipe da UNRWA (a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos) que foram mortos”, disse Turk. “Isso é sem precedentes, ultrajante e profundamente desolador”.

Turk ainda criticou o extenso bombardeio israelense em Gaza, apontando o impacto humanitário e de direitos humanos devastador. Ele instou Israel a encerrar imediatamente o uso de armas explosivas de alto impacto em áreas densamente povoadas e pediu investigações sobre os ataques.

“Após quatro semanas de bombardeios das forças israelenses em Gaza, os efeitos indiscriminados de tais armas em uma área densamente povoada são claros. Israel deve encerrar imediatamente o uso de tais métodos e meios de guerra, e os ataques devem ser investigados”, pediu o chefe de Direitos Humanos da ONU.

O governo israelense, no entanto, negou irregularidades. “Israel cumpre a lei humanitária internacional o tempo todo. Os terroristas não o fazem”, apontou a diplomacia de Benjamin Netanyahu.

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