‘É começar a esticar a corda’, ameaça Bolsonaro sobre cassação da chapa no TSE

Atualizado em 15 de junho de 2020 às 20:33
Imagem: Reprodução YouTube

Bolsonaro falou com a BandNews na tarde desta segunda e passou pano para o gesto do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que reeditou críticas ao STF ao participar de uma manifestação golpista em Brasília.

Pressionado a demitir o auxiliar, desconversou:

“Não foi prudente ir a manifestação um dia após episódio no STF, apesar de não ser mesmo grupo nem ter nada de grave”, disse. “Não representava governo, mas a si mesmo. Estamos tentando solucionar com ele”.

Preferiu criticar a Corte.

Sobre inquérito das Fake News, disse é que é vítima.

“Está à margem da legislação. Busca e apreensão contra 29 simpatizantes meus e nenhum da oposição, é um foco de atrito”.

Diz que não provocou o STF ao estimular manifestações golpistas das quais participou em frente ao Palácio do Planalto.

“Onde é que eu fui fonte de problemas pro país?”, perguntou, alegando que placas pedindo o “AI-5 não existem mais”.

Também falou sobre o imbróglio jurídico sobre o art. 142 da Constituição, que estabelece o papel das Forças Armadas.

“Não precisava Fux atender pedido do PDT, partido com ligações com a  China, para dizer qual o papel das Forças Armadas”, reclamou. “As FFAA são os garantidores da democracia e não aceitariam ordens absurdas”.

Também reclamou do que classificou de interferência do STF sobre a indicação de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal.

“Brutal interferência”, disse. “Por que era meu amigo?”.

E ameaçou: “Acho que em alguns momentos estou sendo paciente, complacente demais. Não quero bater mão na mesa”.

Sobre o processo no TSE para cassação da chapa por fake news:

“Me julgar por uma página que ficou fora do ar por menos de 24 horas para cassar a chapa Bolsonaro-Mourão? É inadmissível isso aí. Isso, no meu entender, é começar a esticar a corda. É começar a alimentar uma crise que não existe da nossa parte”. (Veja o vídeo no final do texto).

Falou também sobre Sergio Moro e Henrique Mandetta.

Sobre Moro: “É uma pessoa muito ele. Disse que provas estavam na reunião, que era reservada, carimbada como secreta. Foi divulgada sem a devida responsabilidade. Causou problemas”.

Mandetta, segundo Bolsonaro, é um bom comunicador que ajudou a “espalhar o medo” na população na crise do coronavírus.

“Tinha bom contato com uma rede de TV aí”, insinuou. “Na entrevista para o Fantástico, disse que ia ter de decidir se ouvia o presidente ou o ministro”.

Disse (quem acredita?) que não convoca manifestações, mas sim sai para  cumprimentar o povo em atos que julga “ordeiros”.

Justificou ter sentado no colo do Centrão no toma lá, dá cá para garantir apoio do bloco e segurar um eventual processo de impeachment.

“A imprensa batia em mim, dizendo que faltava diálogo com Congresso. Quando comecei a dialogar com partidos (menos de esquerda) dizem que é fisiologismo. Não dei estatais, nem cargos de 1º escalão”.

Fabio Faria, genro de Silvio Santos e afilhado de Gilberto Kassab, é só um amigo pessoal inocente que foi guindado ao cargo de ministro das Comunicações por ser seu amigo pessoal para melhorar os processos.

Por fim, disse que pretende ajudar a eleger em 2022 uma bancada grande de deputados e senadores alinhados com suas ideias de extrema-direita.

Para quem se sente inimputável, nada de anormal.