Fernando Henrique Cardoso é mestre naquele dom de se indignar sobre tragédias nacionais que têm o seu dedo.
No sábado, foi ao Twitter fazer demagogia.
“A violência dos bandidos assim como as do governo preocupam. Armas nas mãos de bandidos ou de quem não sabe usá-las aumenta o medo. Demitir funcionários em áreas culturais por ideologia repete o desatino. Sem reação as democracias morrem. Há liberdade para protestar. Usemo-la”, postou.
Tomou uma traulitada do pequeno general Heleno (da mesma estatura moral que o outro, aliás).
“Por que no te callas?”, respondeu-lhe o militar, repetindo o rei da Espanha a Chávez numa Cúpula Ibero-Americana.
Não vai aqui, evidentemente, nenhum simpatia pelo terraplanista chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Fernando Henrique, porém, é o homem que ajudou a articular o golpe contra Dilma e montou na aventura de Aécio Neves.
Recusou-se a apoiar Fernando Haddad na campanha contra o sujeito que declarou que pretendia fuzilá-lo, apesar da insistência do petista numa aliança que, de resto, não traria um mísero voto a mais.
“As redes divulgam que apoiarei Haddad. Mentira: nem o PT nem Bolsonaro explicitaram compromisso com o que creio”, falou à Folha no começo de outubro.
“Por que haveria de me pronunciar sobre candidaturas que ou são contra ou não se definem sobre temas que prezo para o país e o povo?”
Bateu em Lula na prisão sempre que lhe foi dada a oportunidade.
Poupado por Sergio Moro e seus Dallagnois, nunca deixou de bajular a Lava Jato. Afinal, era aquele que não podia ser melindrado.
Mandou recado para o STF que os ventos começaram a mudar: “Respeito à lei, mas também à moral pública é o que o povo espera”.
Contra Lula, em sua opinião, a Constituição deve continuar sendo pisoteada em nome de um “clamor popular”.
O único democrata que o leva a sério continua sendo, paradoxalmente, o desprezado Haddad, sabe Deus por quê.
Fala muito o FHC. Por que não se cala?
Por que no te callas.
— General Heleno (@gen_heleno) October 5, 2019