E eis que nos transformamos na República da Chalana Champagne. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 11 de fevereiro de 2017 às 17:38
A Chalana Champagne
A Chalana Champagne

Pouco mais de seis meses de administração Temer e eis que nos transformamos na República da Chalana Champagne.

Já tivemos a República Velha, a Nova República etc etc. Agora temos a República da Chalana Champagne.

O símbolo supremo do Brasil destes dias é o barco no qual Alexandre de Moraes, indicado por Temer para o STF, foi “sabatinado” por um grupo de senadores acima de qualquer suspeita.

Moraes é uma personagem típica da República da Chalana Champagne. (Abreviemos, para facilitar a vida de todos, para RCC.)

Ele está prestes a ingressar na mais alta corte do país com duas grandes credenciais.

1) É integrante do PSDB. Em qualquer país relativamente avançado, pertencer a um partido impede a pessoa de sequer aspirar a cortes bem mais modestas que o STF.

Mas na RCC militância política não é obstáculo. Pode até ser uma vantagem. Você sabe que pode contar com aquele juiz para votações relevantes, e a sociedade parece anestesiada o bastante para não se indignar com coisas como parcialidade da Justiça.

2) É, comprovadamente, um plagiador. Um de seus livros, como revelou esta semana o site Jornalistas Livres, contém trechos inteiros da obra de um jurista espanhol. Tudo sem aspas e crédito, naturalmente.

Na RCC, um presidente reina tranquilamente mesmo sob o peso de 43 citações num caso de corrupção.

Moro é outro símbolo da RCC.

No depoimento que colheu esta semana de FHC sobre o acervo de presentes para os presidentes, ele não mostrou apenas adulação diante do depoente. Como disse uma internauta, só faltou Moro dizer: “Se espirrar, saúde!”

Mais que bajulação, ele demonstrou ignorância sobre o assunto. FHC foi obrigado, pacientemente, a explicar a Moro como são regulados os presentes que os presidentes recebem ao longo do mandato, ou dos mandatos.

Tanto barulho de Moro e da Lava Jato em torno do acervo de Lula e eis que FHC desmistifica o assunto.

A mídia, com seu jornalismo de guerra, jamais trouxe luzes para o alegado escândalo do acervo.

Bastaria, como se viu, uma conversa de uma hora com o amigo FHC. Mas um momento: não podemos esquecer que esta que temos é a imprensa da RCC. Sonhamos com a BBC e acordamos com Bonner.

Os donos da RCC contam com o torpor da sociedade para se eternizar no poder.

Estarão errados? Torço para que sim, mas, sinceramente, temo que não.