É importante entender as razões que levam Bolsonaro a insistir em discurso de ódio. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 2 de janeiro de 2019 às 7:44
O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Evaristo Sá/AFP

É muito importante tentar entender as razões que levam Bolsonaro a insistir em seu discurso de ódio e divisão social e a investir contra valores e conceitos caros à esquerda.

O discurso contra o “socialismo”, contra “ideologia de gênero”, contra a “corrupção” e o “politicamente correto” é feito ao mesmo tempo, junto e misturado. Seriam todos parte de um “grande mal” do qual o Brasil estaria se libertando agora.

O apelo a temas caros à esquerda só pega porque estarem fortemente ligados ao desastre que representou o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Quando – por decisão de governo – foi realizado o estelionato eleitoral, seguido do ajuste fiscal que nos jogou numa profunda recessão, o padrão de vida das pessoas desabou entre 2015-16. O desemprego saltou de 4% para 11% em um ano e meio e as condições de vida pioraram rapidamente. Tudo o que estava associado à imagem do PT foi junto.

Socialismo hoje, no imaginário popular, não é uma doutrina que pregue a igualdade. É um conjunto de ideias e práticas que desemprega, mente, ataca direitos etc. etc.

Bolsonaro deve calibrar suas falas com pesquisas de opinião e usa essa percepção popular com competência.

Não se deve “culpar” o PT por tudo e nem solicitar ao partido uma autocrítica. É inócuo.

Mas é essencial saber porque atacar o socialismo e outras bandeiras progressistas passou a render votos e pontos para a direita, coisa que não acontecia anos antes.