É ingenuidade crer que Carlos Bolsonaro vai largar o osso — e que não pode se voltar contra o pai. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 15 de fevereiro de 2019 às 17:57
Carlos e Jair Bolsonaro

O desfecho do caso Bebianno é, na verdade, uma tentativa de acomodação que vai sair mais cara.

Bolsonaro expôs o ministro a uma execração pública ao endossar os tuítes do filho Carlos e, depois, ao chamá-lo de mentiroso numa entrevista à Record.

Bebianno fez várias ameaças ao longo da quinta-feira e desafiou o chefe abertamente.

“Não sou moleque e o presidente sabe. O presidente está com medo de receber algum respingo”, ameaçou.

Bolsonaro, que desejava que Gustavo Bebianno vazasse até segunda feira, fraquejou.

Onyx Lorenzoni foi o emissário das boas notícias, dizendo que o colega fica.

Bebianno está no meio de um escândalo sobre um esquema de candidaturas laranjas que receberam dinheiro público oriundo do PSL.

Ex-coordenador de campanha de Bolsonaro, sabe muita coisa e deixou isso claro.

Ao recuar, Bolsonaro mantém no cargo um sujeito que fritou numa crise criada por ele e o garoto. Acabou subjugado por um funcionário.

Os demais podem se sentir a vontade para fazer o mesmo porque, apertando, Jair solta.

Ainda deixou descontente o menino Carlos. O pai teria concordado em afastá-lo das questões do governo.

Segundo o Estadão, um interlocutor afirmou que “ninguém é ingênuo” de achar que Carlos se concentrará, daqui para frente, no seu trabalho na Câmara de Vereadores do Rio.

Carlucho tem gente dele no Planalto, como o primo Léo Índio.

Vaidoso, ambicioso e maquiavélico, como se viu, não vai largar o osso.

Eles são unos e indivisíveis. Unha e carne.

Carlucho divide as migalhas de pão com manteiga que caem na mesa de Jair. Tem uma tatuagem com o rosto dele.

E, se for obrigado a se recolher, Carlucho não vai perdoar o papi.