É Lula ou ninguém? Por Mauro Donato

Atualizado em 16 de agosto de 2017 às 11:15

Estamos próximos de dar um salto no escuro. Agora que grande parte da população desinformada e manobrada começa a dar-se conta de qual era de fato o propósito de se enviar Dilma Rousseff para a guilhotina, agora que muita gente entendeu o que na realidade é a Lava Jato e que o juiz Sergio Moro é tão imparcial quanto eu poderia ser considerado astronauta, agora que a massa de inocentes úteis passa a se questionar onde foram parar os ‘movimentos’ como MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online, bem como os ‘ativistas’ Helio Bicudo, Janaína Paschoal ou Fernando Holiday, uma pesquisa realizada pelo site Poder360 traz um aspecto a ser observado.

O site consultou a intenção de voto para presidente com mais de 2 mil pessoas em quase 200 cidades. Em dois cenários nos quais Lula não aparece no páreo (projetando a possibilidade do petista ser condenado e impedido de concorrer ao Planalto), o percentual de brancos/nulos/indecisos chega a 45%.

Quase a metade dos entrevistados afirmou que não votará em ninguém ou não tem ideia do que fazer com seu voto diante das possibilidades hoje apresentadas com Lula excluído.

Um análise da pesquisa pode revelar muita coisa. Que João Doria, por exemplo, já é percebido como alguém que está usando o cargo de prefeito como trampolim, afinal de contas está em franca campanha fazendo viagens seguidas por diversos estados (ele agora está no Tocantins que, como se sabe, não é São Paulo) e até países. Passa mais tempo fora do que na capital paulista. Doria está estacionado em 12% E quando o candidato tucano é Geraldo Alckmin nada muda em termos percentuais dos que se negam a votar caso Lula não dispute.

Lula aliás, quando colocado como opção, demonstra inclusive estar em curva ascendente. Ganhou mais um ponto e hoje é preferência de 32% dos entrevistados pela pesquisa.

É inegável que um Congresso cuja Câmara dos Deputados – em meio a toda essa exposição de escândalos e provas filmadas e gravadas – rejeita denúncia contra Michel Temer, reforça o sentimento de repugnância em boa parte da população que se diz desesperançada e está abatida e envergonhada pelo apoio dado aos golpistas.

Mas é certo também que, além de cair na real com os MBL da vida que hoje ocupam cargos em gabinetes de políticos e se prestam a serviços sujos como agredir manifestantes, um grande número de pessoas está reconhecendo os avanços obtidos nas gestões Lula. Agora que 4,1 milhões de brasileiros voltaram à pobreza – segundo estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), PNUD (Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Fundação João Pinheiro – muitos estão com saudade das políticas sociais efetivas, da democratização do acesso à educação que triplicou o número de universitários entre as classes C e D, do arroz e feijão no prato, da carteira de trabalho assinada para trabalhadores que viviam à margem como as empregadas domésticas. Tudo que vem sendo arrancado pouco a pouco por um governo parido à fórceps com a finalidade de violar direitos conquistados a duras penas.

Sem Lula na disputa – e não se está aqui a fazer campanha para ele – candidatos tenebrosos como Jair Bolsonaro sobem. É isso o que queremos? Os Estados Unidos de Trump não bastam como exemplo?

Como certa vez disse um presidente daquela Câmara dos Deputados que hojoe livra a cara de corruptos em todos os níveis: “deus tenha misericórdia deste país”.