Este artigo está sendo republicado por motivos óbvios.
Sérgio Moro tem medo de Eduardo Cunha.
Esta é a única explicação razoável para a inoperância patética da Lava Jato em relação a Cláudia Cruz, a mulher de Cunha.
A desculpa de que não foi possível notificá-la por não saber seu endereço é uma das coisas mais ridículas da história da Lava Jato e do golpe.
Ou é uma prova da extrema inépcia de Moro ou é uma evidência do caráter da Lava Jato.
Fico com a hipótese dois, com o acréscimo, repito, do medo que Moro parece ter de Cunha.
Examinemos o caráter da Lava Jato. Ficou claro, e já faz tempo, que seu alvo é o PT. O resto são efeitos colaterais, e em geral indesejados. O tratamento é completamente diferente. Rigor extremo para uns, complacência absoluta para outros.
Cunha mesmo: ele só se enrolou mesmo porque os suíços entregaram suas contas secretas no país. Mesmo assim, ele continua aí, e não são pequenas as possibilidades de que escape quase impune dos múltiplos crimes que cometeu.
E então chegamos a Moro e Cunha.
Moro mostrou extrema valentia, aspas, sobre os pedalinhos de Atibaia. E não hesitou em coagir Lula indevidamente para um depoimento, sob cobertura circense da imprensa.
Mas é pateticamente manso com Claudia Cruz.
É que Cunha manda muito. Seu poder de retaliação, nas sombras, é tão grande quanto era antes à luz do sol.
Sua ligação com Temer é estreita e antiga. Imagine o que ele não conhece sobre o amigo Michel.
E se ele abrir a boca?
Não é uma hipótese plausível, a rigor. Sua força reside exatamente em mantê-la fechada por um preço que lhe seja compensador.
O que Cunha poderia fazer contra Moro caso quisesse?
Ninguém sabe. Moro também não parece saber, como sugere sua chocante maneira de conduzir o caso Cláudia Cunha.