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E nasce um esquadrão chamado Santos

Massacre da Serra Elétrica

 

Ladies & Gentlemen:

Vi este ano pela primeira vez meu time no Brasil, o Almighty.

Não foi um jogo exatamente. Foi um atropelamento. Boss evidentemente detestou, como fanático que é. Disse que o juiz roubou.

Vimos juntos, na madrugada de quinta, em seu apartamento na Ranelagh Gardens. Por momentos achei que ele ia investir contra a tevê. “Se o juiz desse impedimento no primeiro gol do Santos e marcasse o pênalti no Guerreiro aos 40 e poucos minutos a história teria sido diferente”, disse Boss.

Ri, e não falei nada.

Nada salvaria o Almighty na noite de ontem. Na verdade, 5 a 1 foi pouco. O “Fish” (Peixe) parecia o Barcelona, com um tique-taque infernal na troca de passes, e o Corinthians parecia um daqueles times do interior da Espanha que só servem para apanhar do Barça e do Real.

Ladies & Gentlemen: ponho o bom futebol acima de minhas preferências clubísticas, e por isso saí contente do massacre a que meu time foi submetido.

Os garotos do Santos parecem adorar jogar futebol. Os do Timão pareciam homens de meia idade entediados.

Um jogador me impressionou em particular: Cícero, camisa 8. Nunca o tinha visto e nem ouvido falar dele. Canhoto, hábil, conduziu o time como um maestro. A impressão que ele dá é que vê o jogo da arquibancada, tal a amplitude de sua visão.

Talvez esteja aí um jogador para a Copa do Mundo. Big Phil deveria prestar atenção neste menino.

O Santos é a “fresh thing” (fato novo) do futebol brasileiro. Quem sabe mundial. Por oposição, pude ver no intervalo que o São Paulo continua a apostar no mausoléu comandado por Rogério Baldman Ceni e Luiz Fabiano.

Que o Santos consiga manter estes garotos é minha torcida em nome do futebol brasileiro. É triste vê-los surgir, brilhar e partir, como aconteceu com Neymar recentemente.

A parte ruim foi ver quanto o Corinthians não mudou sob nova direção. Parecia o mesmo time com uma dificuldade patológica de fazer gols, com a diferença de que agora os leva com facilidade.

Para minha sorte, meu time nativo, o Man City, é uma fábrica de gols, com o inigualável Yaya Touré como cérebro. (Yaya Touré é hoje o maior jogador do mundo, como todos sabemos.)

Ladies & Gentlemen: de Londres, saúdo o nascimento de um esquadrão.

Viva o “Fish”. Longa vida aos meninos.

Sincerely

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

Scott Moore

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.

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