É preciso achar a enfermeira criminosa que vazou informações sobre Klara Castanho

Atualizado em 27 de junho de 2022 às 10:51
Klara Castanho

A enfermeira que vazou à imprensa informações sobre a atriz Klara Castanho no hospital em que ela deu à luz após ter sido estuprada foi demitida no domingo (26).

“A enfermeira foi demitida por justa causa (agora cedo)… Eu acho é pouco… Tinha que ser presa”, anunciou o repórter André Romano, do portal Observatório da TV, no Twitter.

Por ter espalhado o caso de uma paciente sem autorização, a enfermeira deveria ter a carteira cassada e nunca mais exercer a profissão na vida.

De acordo com o advogado Josenir Teixeira, consultor jurídico na área da saúde, o vazamento do prontuário da artista foi criminoso. Ele afirma à Folha que o caso pode ser investigado pela polícia e passar por um processo de pena, já que demonstrou violação de artigos da Constituição Federal, do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor.

“Ação criminosa”

“A infração a este artigo será investigada pelo inquérito policial e, ao final dele, o promotor de Justiça poderá denunciá-la ao juiz. Caso este aceite a denúncia, inicia-se o processo penal”, explicou Teixeira. “A enfermeira deve ser empregada do hospital, o que o coloca em posição de solidariedade com ela no pagamento de indenização”.

O médico Walter Cintra Ferreira Júnior, professor de administração hospitalar da FGV (Fundação Getulio Vargas) também compreende a situação como crime. “É uma ação criminosa. Mesmo antes da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], isso já estava caracterizado. Precisa averiguar, todo mundo tem direito à ampla defesa, mas que sejam feitas as punições devidas porque isso tudo é um verdadeiro horror.”

Na noite de sábado (25), Klara revelou que foi estuprada, ficou grávida e doou o bebê. Ela se manifestou após o colunista Leo Dias, do site Metrópoles, e a youtuber bolsonarista Antonia Fontenelle falarem da história publicamente, mesmo sem citar o nome da atriz.

Klara aponta enfermeira como responsável por vazamento

Em carta aberta, a artista apontou a enfermeira, que não teve seu nome revelado, como a responsável por vazar informações do parto para o jornalista. Após a repercussão negativa sobre a reportagem, o Metrópoles deixou claro que o equívoco “não tem justificativa” e que praticou “mau jornalismo”.

Logo após ter o filho, Castanho revelou ter sido vítima de mais uma violência, desta vez por parte da funcionária do hospital em que ela ficou internada. “Ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: ‘Imagina se tal colunista descobre essa história'”, relatou a atriz.

Ela contou que, no mesmo dia, foram vazadas à imprensa as informações sobre o parto. “Eu estava dentro de um hospital, um lugar que era para supostamente para me acolher e proteger. Quando cheguei no quarto já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu ainda estava sob o efeito da anestesia. Eu não tive tempo de processar tudo aquilo que estava vivendo, de entender, tamanha era a dor que eu estava sentindo”, disse.

Jornalista expôs tomografia de Marisa Letícia em 2017

O caso lembra um episódio ocorrido em janeiro de 2017, quando o jornalista Claudio Tognolli expôs em suas redes a tomografia da ex-primeira-dama Marisa Letícia, então internada no Sírio Libanês após sofrer um AVC.

Ele contou ter recebido o material de uma fonte “militante do PT e muito ligada ao partido” e defendeu que a publicação era de interesse público.

De acordo com o Código de Ética Médica, profissionais da área não podem permitir o acesso de terceiros a prontuários. Na época, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo abriu sindicância para apurar o vazamento, mas nunca chegou a lugar nenhum, obviamente.

Marido de enfermeira tentou vender informação sobre Klara Castanho

De acordo com o site Notícias da TV, o marido da enfermeira ligou para diversas emissoras, como Record e RedeTV!, além de colunistas que escrevem sobre celebridades, para tentar vender informações sobre o parto, ocorrido em maio deste ano.

Um dos veículos de comunicação procurados pelo homem explicou que jornalistas não pagam por informações. Ele teria respondido, exaltado, que a “esposa era enfermeira de um hospital e que tinha uma bomba da Klara Castanho. Queria dinheiro”.

Conselho Regional de Enfermagem de SP vai investigar o caso

Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo informou que vai apurar a denúncia: “(…) Compete ao Coren-SP apurar as situações em que haja infração ética praticada por profissional de enfermagem e adotar as medidas previstas no Código de Processo Ético dos Conselhos de Enfermagem”.

“Nesse sentido, o conselho seguirá os ritos e adotará os procedimentos necessários para a devida investigação, como ocorre em toda denúncia sobre o exercício profissional. Assim, o Coren-SP ressalta a cautela necessária sejam tomadas as medidas corretas para a apuração dos fatos”, diz o comunicado.

O nome de Klara Castanho é o assunto mais comentado da internet desde que ela assumiu, através de uma carta aberta comovente, que engravidou após ter sido estuprada. Na mensagem, a atriz de 21 anos contou ter optado por entregar o bebê para adoção logo após o parto por “incapacidade de exercer esse cuidado”.

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