E quem disse que Olavo quer servir ao Brasil, general? Por Fernando Brito

Atualizado em 7 de maio de 2019 às 10:28
Olavo de Carvalho e Bolsonaro na capa do Estadão. Foto: Reprodução/Tijolaço

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

De onde o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e agora tutor da ala militar do governo Bolsonaro, tirou a ideia de que Olavo de Carvalho e seu grupo pretenderam, algum dia, servir ao país, para reclamar que ele presta, agora, um desserviço ao Brasil?

Não, general, ele apenas está fazendo o que sempre quis fazer, organizar uma falange de extrema-direita, filonazista. E, politicamente, está se saindo muito melhor do que os senhores, com todas as suas estrelas, cursos na ESG e o controle de um terço da administração federal.

No Estadão, seu grupo diz que os militares “só não deixam o governo com receio do que pode acontecer no País.”

Perdoe, mas é de rir.

General, nos cursos de Comando e Estado Maior, o senhor e seus colegas aprenderam a fazer estudos de situação. Será possível que os senhores vejam o papel das Forças Armadas como simples freio às loucuras de um governante e seu grupo de áulicos?

Freios, sabe o senhor, podem reduzir a velocidade da descida, assim mesmo se estiverem sendo acionados com força. Mas não podem empurrar o país ladeira acima na crise. E afundar na crise, como estamos fazendo, só soma forças ao radicalismo deles.

Em quatro meses, os senhores só perderam força. Ao ponto de terem, ontem, de apelar para a “bomba atômica Villas Bôas”, que foi lançado ao MMA virtual de Olavo de Carvalho que, sem se fazer de rogado, disse que não vai polemizar  com “um doente preso a uma cadeira de rodas”, como disparou no Facebook:

Nem o Lula seria vil e porco o bastante para, fugindo a argumentos sem resposta, se esconder por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas. Mas os nossos heróicos generais são.

Já Olavo de Carvalho, do nada que é, conseguiu se impor como referência pública, figura central do governo e, não duvidem, com prestígio na jovem oficialidade que os senhores, deliberadamente, entregaram a Jair Bolsonaro, comandante  das Forças Armadas brasileiras.

Quer dizer que os senhores acham que demitir uma “olavete” inexpressiva da Apex e colocar lá um contra-almirante é uma vitória? É só munição para esta turma de fanáticos, que vai continuar a passar os dias demolindo a reputação das Forças Armadas,  o que é o seu verdadeiro objetivo.

É lamentável, general, mas Olavo de Carvalho tem se mostrado um estrategista anos-luz à frente dos senhores.

E isso, sim, deixa a todos nós com medo do que vai acontecer com o país.