E se Heleno provar que tem Alzheimer desde 2018? Por Moisés Mendes

Atualizado em 30 de novembro de 2025 às 8:25
Augusto Heleno fazendo careta em fundo preto
General Augusto Heleno – Reprodução

Não há como não conviver com uma dúvida a partir de agora: os médicos de Augusto Heleno conseguirão provar que ele tem Alzheimer e que a demência do general teria começado em 2018, como ele mesmo diz?

É possível que Heleno tenha mentido, ao fazer exame de corpo de delito no Comando Militar do Planalto, onde está preso? É possível que um médico reafirme a mentira de Heleno?

É uma bronca gigantesca, porque o ministro Alexandre de Moraes deu cinco dias para que a defesa de Heleno explique o diagnóstico de Alzheimer.

Com um detalhe importante. No despacho, o ministro determina a apresentação do exame inicial que prove a existência de sintomas desde 2018. E que os médicos apresentem o histórico da evolução da doença.

Não basta que Heleno comprove que está demente hoje, o que talvez não seja difícil de provar. Mas que sofria de demência desde o início do governo de Bolsonaro e que, como pessoa com perda de memória, participou da articulação de um golpe.

Moraes quer exames, avaliações médicas, neuropsicológicas e psiquiátricas produzidos desde 2018. Os médicos devem apresentar prontuários, laudos evolutivos, prescrições e outros documentos referentes ao caso.

O ministro quer provas da realização de consultas e de que os médicos acompanharam mesmo a evolução da doença de 2018 até aqui.

ministro Alexandre de Moraes sério, sentado, olhando para o lado sem olhar para a câmera
O ministro Alexandre de Moraes – Reprodução

E agora vem o arremate das exigências: a defesa do general deverá esclarecer se o réu, que foi ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional entre entre 2019 e 2022, comunicou que estava doente ao serviço de saúde da Presidência da República, do Ministério ou de algum órgão do governo.

Ficou complicada a situação do golpista que se lembrava de mandar espionar a vida dos inimigos durante o governo fascista. O que acontecerá se ele mentiu? Moraes pode negar o pedido de prisão domiciliar?

Se ele mentiu sobre a demência iniciada em 2018, mas se está de fato doente hoje, o que muda? É a vez dos especialistas entrarem em cena.

Tudo hoje é resolvido pelos especialistas, principalmente os que estão sempre de plantão para atender às demandas da Folha.

Não serão poucos os psiquiatras, juristas e palpiteiros sobre a demência alheia mobilizados pelo caso de Heleno.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/