Economia dos EUA está prestes a desmoronar, diz colunista do Financial Times

Atualizado em 21 de julho de 2025 às 6:38
Donald Trump, presidente dos EUA durante anúncio do ‘tarifaço’ – Foto: Reprodução

A economia dos EUA está à beira do colapso, segundo o colunista do Financial Times Tej Parikh, em artigo na Folha. Apesar do otimismo em torno de dados como o crescimento do emprego e o recorde no S&P 500, ele alerta: “A economia dos EUA está muito mais frágil do que essas métricas sugerem”.

Desde fevereiro, dois terços dos empregos criados estão em setores pouco dinâmicos, como saúde e governo, enquanto mais áreas estão cortando vagas do que contratando, algo raro fora de recessões.

O mercado imobiliário também dá sinais de pressão. “Imóveis são a parte da economia mais sensível às taxas de juros e, como tal, historicamente têm levado a economia a recessões”, disse Mark Zandi, da Moody’s.

Hipotecas acima de 6% cresceram desde a pandemia, e compradores estão comprometendo parte maior da renda do que na bolha de 2006 – o estoque de imóveis novos não vendidos chegou ao maior nível desde 2009.

Modelo de casa sobre a bandeira dos Estados Unidos – Foto: Reprodução

Queda no consumo e mercado de ações

No consumo, os gastos reais das famílias vêm caindo desde dezembro.

“Por trás dos recentes dados moribundos de gastos do consumidor estão famílias ricas mais cautelosas”, alertou Zandi.

Já o modelo da Penn Wharton prevê que a nova lei fiscal de Trump reduzirá a renda dos 40% mais pobres até 2030, o que deve acelerar a retração na demanda doméstica.

Parikh também critica a leitura otimista sobre o mercado de ações. “O S&P 500 tornou-se cada vez mais desconectado das variáveis econômicas reais na última década.”

O economista observa que os lucros vêm sendo puxados por big techs com atuação global, enquanto empresas menores e mais expostas à economia dos EUA têm sofrido com queda de receita por causa das tarifas.

Efeito retardado

Outro fator de preocupação é o efeito retardado da política tarifária. A partir de 1º de agosto, a taxa média dos EUA sobe para 20,6%, o que pode elevar os preços.

“Mesmo que Trump continue a adiar as tarifas, os estoques se esgotarão e os preços aumentarão com base nas tarifas existentes”, diz Parikh, citando dados da Harvard Business School que mostram diferenças entre preços de produtos tarifados e não tarifados.

No texto, o especialista ainda destaca que o ambiente político não ajudará a evitar o choque. “A economia dos EUA é como um sapo em água fervente”, resume. Com o Fed impedido de cortar juros, rumores sobre a demissão de Jerome Powell e um pacote fiscal que pouco estimula o consumo, Parikh alerta: “Se o presidente dos EUA não recuar decisivamente de sua agenda protecionista em breve, é difícil prever algo que impeça esse castelo de cartas de desmoronar.”