
O economista Helio Beltrão é fundador dos institutos Mises e Millenium e colunista da Folha. Ele foi ao Twitter na tarde de sexta, dia 3, oferecer seus serviços.
“Se o médico de um hospital quiser administrar a hidroxicloroquina e não houver disponível, entre em contato comigo com nome do paciente, telefone, hospital, médico. Estou coordenando uma rede informal para fazer chegar o remédio onde não houver”, disse.
Em coletiva nesta semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou que o medicamento não deve ser usado para tratar casos normais de coronavírus.
“Este remédio causa arritmia cardíaca”, alertou Mandetta em mais uma indireta a Bolsonaro.
“O coração em vez de bater certinho, ele sai do ritmo. Se a pessoa já tiver uma pequena obstrução, vai acabar tendo uma parada cardíaca. Não temos segurança para falar ‘pode usar a cloroquina todo mundo, que é bom.’”
Beltrão é sócio-proprietário do grupo Ultrapar, que controla a Extrafarma, uma das maiores redes de distribuição de medicamentos do país.
Opera 254 lojas em nove estados do Brasil (Pará, Amapá, Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e São Paulo), com dois centros de distribuição fora de SP: um em Belém, no estado do Pará, e outro em Aquiraz, no Ceará.
Acusado de tráfico nas redes, Hélio Beltrão voltou ao Twitter para alegar que sua iniciativa tinha objetivo de “encaminhar parentes e pacientes de coronavirus para os locais onde, se for o caso, possam obter o medicamento, sempre de posse da receita médica. Por ex: posso ajudar encaminhando à Secretaria de Saúde de seu município”.
Segundo ele, a “preocupação é ajudar a salvar vidas, encaminhando aos profissionais de saúde, que estão fazendo um trabalho maravilhoso com todas as limitações que têm”.
Em artigo na Folha no dia 1º, ele escreveu: “Em minha opinião, a comunidade médico-científica está sendo irresponsável em sua cautela radical com relação à hidroxicloroquina (HCQ), e, dependendo do desenrolar dos ensaios clínicos em andamento, o momento atual poderá vir a ser, em retrospectiva, o maior fracasso de sua história”.
O conflito de interesse é evidente.
“Eu obviamente não forneço remédio a ninguém”, diz ele.
Então, tá.
Um anúncio de utilidade pública: se o médico de um hospital quiser administrar a hidroxicloroquina e não houver disponível, entre em contato comigo por DM com nome paciente, tel, hospital, médico. Estou coordenando uma rede informal para fazer chegar o remédio onde não houver.
— Helio “Não Se Automedique” Beltrão (@heliobeltrao) April 3, 2020
Pessoal, o tweet que escrevi mais cedo foi no sentido de encaminhar parentes e pacientes de coronavirus para os locais onde, se for o caso, possam obter o medicamento, sempre de posse da receita médica. Por ex: posso ajudar encaminhando à Secretaria de Saúde de seu município, …
— Helio “Não Se Automedique” Beltrão (@heliobeltrao) April 3, 2020
Eu obviamente não forneço remédio a ninguém.
— Helio “Não Se Automedique” Beltrão (@heliobeltrao) April 3, 2020
Gostaria de saber do @Medicina_CFM se é adequando um engenheiro recomendar dosagem de hidroxicloroquina no twitter.
Quero saber do sr @heliobeltrao se o fato de ser do board do Ultra, dona da Extrafarma, influencia este posicionamento.
A @folha endossa isso? https://t.co/Vj2Zd0yQ5q
— SatanVoucher (@Satanas_III) March 30, 2020
– Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com o Covid-19. pic.twitter.com/Aia4RzTVlp
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 21, 2020