Economista vê ‘efeito manada’ e alta de juros nos EUA como causas da alta do dólar

Atualizado em 19 de dezembro de 2024 às 19:47
A economista Laura Carvalho. Reprodução

A economista e professora universitária Laura Carvalho, em seu perfil no X (antigo Twitter), explicou as causas pelas quais entende que o dólar passa por um período de alta no país. A partir das declarações do futuro presidente do Banco Central, Rafael Galípolo, e de um comentário da jornalista Míriam Leitão, da GloboNews, ela desenvolve seu raciocínio. Confira:

Não há contradição nenhuma em dizer que não há fundamentos macroeconômicos que justifiquem a alta do dólar, como apontou Míriam Leitão, e dizer que não há ataque especulativo coordenado, como ressaltou Galípolo. Keynes explica:

O mercado financeiro não é só sobre fundamentos. Expectativas sobre como os outros agentes irão agir dão origem às chamadas convenções e criam efeitos manada no mercado mercado financeiro que nada têm a ver com fundamentos.

Essa ação não precisa ser coordenada para que seja interpretada como movimento especulativo descolado da realidade macroeconômica do país. O que importa não é a realidade, mas como os investidores acreditam que os demais investidores vão interpretá-la.

A meu ver o efeito manada especulativo puxou a alta do dólar após o anúncio do pacote fiscal (sobretudo pelas convenções criadas sobre os efeitos da isenção de IR), e esse movimento foi exacerbado essa semana pela expectativas de alta de juros pelo banco central norte-americano.

O dólar se valorizou em relação a quase todas as outras moedas no dia de ontem, e algumas delas sofreram mais impacto do que o real (embora o real costume enfrentar maior volatilidade nesses contextos pelo tamanho do mercado de derivativos e offshore, como Pedro Rossi estudou).

O Banco Central tem plena capacidade de controlar essa volatilidade excessiva com os instrumentos que têm: juros e intervenções no mercado de câmbio com swaps e venda de reservas. Poderia ter começado antes a intervir.

Os juros altos vão reduzir o crescimento no ano que vem e aumentar o custo da dívida, mas servirão pra conter a desvalorização do real e reduzir a inflação. Não há nenhuma evidência de um cenário de dominância fiscal, em que juros altos passam a acelerar a inflação.

O cenário tende a caminhar para uma desaceleração do crescimento do PIB em 2025 pelo efeito do desestímulo fiscal e juros, e para uma alta da inflação nos próximos meses pelo impacto do dólar (sobre alimentos e outros itens).

Se não houver novos choques internacionais (loucuras do governo Trump), a taxa de inflação deve cair ao longo do ano que vem pela estabilização do dólar, o fim da seca/estiagem que afetou carne e outros alimentos e a desaceleração da economia.

Veja o texto da economista na íntegra:

Não há contradição nenhuma em dizer que não há fundamentos macroeconômicos que justifiquem a alta do dólar, como apontou Míriam Leitão, e dizer que não há ataque especulativo coordenado, como ressaltou Galípolo. Keynes explica:

O mercado financeiro não é só sobre fundamentos. Expectativas sobre como os outros agentes irão agir dão origem às chamadas convenções e criam efeitos manada no mercado mercado financeiro que nada têm a ver com fundamentos.

Essa ação não precisa ser coordenada para que seja interpretada como movimento especulativo descolado da realidade macroeconômica do país. O que importa não é a realidade, mas como os investidores acreditam que os demais investidores vão interpretá-la.

A meu ver o efeito manada especulativo puxou a alta do dólar após o anúncio do pacote fiscal (sobretudo pelas convenções criadas sobre os efeitos da isenção de IR), e esse movimento foi exacerbado essa semana pela expectativas de alta de juros pelo banco central norte-americano.

O dólar se valorizou em relação a quase todas as outras moedas no dia de ontem, e algumas delas sofreram mais impacto do que o real (embora o real costume enfrentar maior volatilidade nesses contextos pelo tamanho do mercado de derivativos e offshore, como Pedro Rossi estudou).

O Banco Central tem plena capacidade de controlar essa volatilidade excessiva com os instrumentos que têm: juros e intervenções no mercado de câmbio com swaps e venda de reservas. Poderia ter começado antes a intervir.

Os juros altos vão reduzir o crescimento no ano que vem e aumentar o custo da dívida, mas servirão pra conter a desvalorização do real e reduzir a inflação. Não há nenhuma evidência de um cenário de dominância fiscal, em que juros altos passam a acelerar a inflação.

O cenário tende a caminhar para uma desaceleração do crescimento do PIB em 2025 pelo efeito do desestímulo fiscal e juros, e para uma alta da inflação nos próximos meses pelo impacto do dólar (sobre alimentos e outros itens).

Se não houver novos choques internacionais (loucuras do governo Trump), a taxa de inflação deve cair ao longo do ano que vem pela estabilização do dólar, o fim da seca/estiagem que afetou carne e outros alimentos e a desaceleração da economia.

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