
O presidente do PT, Edinho Silva, reafirmou a crítica a Donald Trump, a quem chamou de “o maior fascista do século 21”. Apesar de o governo Lula manter gestos de aproximação com Washington, o dirigente disse que não recua dessa caracterização.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou enxergar na conjuntura internacional elementos semelhantes ao período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, como a normalização de discursos autoritários e xenófobos.
Segundo Edinho, Trump representa um risco não apenas pela política migratória agressiva, mas também pelo discurso de expansionismo territorial e pela instrumentalização da guerra comercial. “Ele separa famílias imigrantes, deporta pessoas algemadas, e já disse que pretende anexar o Canadá e ocupar a Groenlândia. Isso é fascismo”, declarou.
Para o dirigente, a política externa do republicano dissemina um cenário de guerra econômica global, capaz de desorganizar setores inteiros.
O líder petista também citou a aliança entre Trump, Elon Musk e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, destacando o avanço de forças assumidamente de extrema-direita na Europa. Ao mesmo tempo, ressaltou que o Brasil manterá diálogo com os EUA, mas sem abrir mão de soberania, multilateralismo e defesa de instituições como o Pix e os Brics.

Ele ainda destacou a atuação de Lula em foros internacionais, como na ONU, ao propor negociações de paz para a guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza.
Questionado sobre Vladimir Putin, Edinho evitou comparações diretas com Trump. Disse que o mandatário russo tem postura expansionista, mas não reproduz perseguições a imigrantes e minorias como o republicano americano. O presidente do PT afirmou que, em sua viagem à Alemanha, pretende ouvir parlamentares do SPD sobre a guerra e compreender melhor as críticas feitas a Moscou pelas forças democráticas europeias.
Edinho também avaliou que a crise financeira de 2008 abriu um ciclo longo de estagnação do capitalismo, com impactos diretos na democracia liberal. Para ele, o empobrecimento da classe média gera descrença e alimenta a extrema-direita. O dirigente defende a democratização da renda, o enfrentamento às grandes fortunas e maior valorização da democracia direta, com instrumentos como o orçamento participativo.
Na pauta ambiental, Edinho reconheceu as críticas europeias à exploração de petróleo na foz do Amazonas, mas defendeu que o Brasil não pode abrir mão de riquezas naturais sem alternativas para enfrentar desigualdades sociais. Ele defendeu a criação de fundos para recuperar a floresta e investir em tecnologia, afirmando que é preciso conciliar preservação com desenvolvimento para os povos da Amazônia.