
Elon Musk se envolveu diretamente na campanha eleitoral alemã ao publicar, no último fim de semana, um artigo na versão dominical do Die Welt defendendo o partido de extrema direita AfD. “A Alemanha se tornou muito confortável na mediocridade. É hora de mudanças ousadas, e a AfD é o único partido que abre esse caminho”, escreveu o bilionário, chegando a mencionar Adolf Hitler para argumentar que a sigla não pode ser considerada extremista. “Isso soa como Hitler para você? Por favor”, provocou Musk.
A repercussão foi imediata e culminou na demissão de Eva Marie Kogel, editora de Opinião do jornal. “Apresentei a minha demissão após o jornal ter sido impresso”, anunciou ela no X (antigo Twitter). A editora afirmou que sempre havia apreciado seu trabalho, mas não concordava com a decisão de publicar o texto de Musk, vista como propaganda eleitoral a poucos meses das eleições parlamentares na Alemanha, marcadas para 23 de fevereiro.
No artigo, Musk defende a posição do AfD ao criticar a classificação do partido como “extremista”, apontada pelo órgão alemão de proteção à Constituição. Para reforçar seu ponto, cita o fato de a candidata e líder da sigla, Alice Weidel, ser casada “com uma mulher do Sri Lanka”. Ele também questiona o estado atual do país, afirmando que a Alemanha estaria “à beira do colapso econômico e cultural”, em tom descrito como alarmista pela revista Der Spiegel.
Ich habe immer gerne das Meinungsressort von WELT und WAMS geleitet. Heute ist in der Welt am Sonntag ein Text von Elon Musk erschienen. Ich habe gestern nach Andruck meine Kündigung eingereicht. https://t.co/Ss1FNGiwAL
— Eva Marie Kogel (@emkogel) December 28, 2024
A direção do Die Welt relatou ter debatido o risco de o texto ser encarado como apoio eleitoral. Vários editores se manifestaram contra a publicação, mas o novo editor-chefe, Jan-Philipp Burgard, decidiu seguir adiante. Em contrapartida, ele mesmo escreveu outro artigo, descrevendo a declaração de Musk — “apenas a AfD pode salvar a Alemanha” — como “fatalmente errada”. “Musk parece ignorar o quadro geopolítico no qual a AfD quer posicionar a Alemanha”, criticou Burgard.
Em seu texto, Burgard lembrou ainda que a sigla defende a saída do país da União Europeia e projetos de “reimigração” em massa, medidas consideradas por ele “xenófobas” e “perigosas para a Alemanha”. “Isso seria uma catástrofe”, enfatizou o jornalista, em clara divergência com as ideias do bilionário.
O Die Welt pertence ao grupo Axel Springer, um dos maiores conglomerados de mídia da Europa, que também publica o jornal sensacionalista Bild e é dono do site Politico. As informações são da Folha de S. Paulo.
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