Eduardo Bolsonaro diz que fuga de condenados do 8 de Janeiro seria “justa”

Atualizado em 22 de novembro de 2025 às 22:04
O deputado federal Eduardo Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro afirmou neste sábado, 22, que considera “justa” a fuga de condenados pelo ato antidemocrático de 8 de janeiro. Em entrevista à CNN Brasil, ele argumentou que as penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal seriam injustas e que, por isso, quem tenta deixar o país estaria apenas se defendendo. A fala repercutiu horas após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, detido por tentativa de violação da tornozeleira eletrônica.

Eduardo citou o caso do deputado Alexandre Ramagem, que está nos Estados Unidos após ser condenado. Segundo ele, Ramagem e outros condenados deveriam fugir caso se sintam vítimas de uma punição indevida. O parlamentar comparou o cenário a situações comuns do crime, dizendo que criminosos assumem o risco de cadeia, enquanto aqueles que participaram dos atos golpistas não teriam cometido delito algum.

Na entrevista, o deputado negou qualquer tentativa de pedir asilo político para Jair Bolsonaro e afirmou que não manteve contato com integrantes da Casa Branca sobre a prisão do pai. Ele também acusou o ministro Alexandre de Moraes de promover “tortura psicológica”, citando decisões judiciais e medidas cautelares que, segundo ele, seriam abusivas.

Alexandre Ramagem e sua companheira em condomínio de luxo nos EUA. Reprodução

Eduardo defendeu ainda a criação de pressão internacional para que Bolsonaro seja solto. Reforçou essa tese afirmando que organizações estrangeiras e governos deveriam acompanhar o caso diante do que chamou de “perseguição judicial”. Ele disse que o tema já circula entre parlamentares conservadores fora do Brasil.

O deputado foi além e afirmou que uma eleição em 2026 sem a presença da família Bolsonaro caracterizaria “falta de democracia”. Para ele, se Jair, Flávio ou ele próprio estiverem impedidos de disputar cargos, o processo eleitoral estará comprometido. Eduardo argumentou que, sem a família, qualquer candidato de direita seria limitado pela atuação do STF.

O comentário reacendeu o debate sobre o papel da família Bolsonaro no cenário político e a influência que tentam manter sobre o eleitorado. Especialistas afirmam que a fala amplia a estratégia de mobilizar a base mais radical em um momento de desgaste provocado pela prisão de Jair Bolsonaro.

A reação ocorre no mesmo dia em que foram divulgadas imagens e relatórios que apontam marcas de queimadura na tornozeleira do ex-presidente, levando Alexandre de Moraes a decretar a prisão preventiva. O ministro entendeu que Bolsonaro tentou romper o dispositivo e poderia tentar fugir, especialmente diante da convocação de vigílias por seus aliados.

A declaração de Eduardo Bolsonaro soma-se a outras manifestações da família após a prisão. Nos bastidores, aliados admitem preocupação com as consequências políticas e jurídicas do episódio, uma vez que o comportamento do ex-presidente tem sido interpretado como tentativa deliberada de burlar medidas impostas pelo STF.