Eduardo Bolsonaro diz que sua guerra contra o Brasil e Moraes “não é pessoal”

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 8:06
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em entrevista à BBC News em Washington, nos Estados Unidos. Foto: Reprodução

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à BBC News, em Washington, nos Estados Unidos, na última quarta-feira (13), que sua guerra contra o Brasil e contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “não é pessoal”. O parlamentar também chamou o magistrado de “psicopata” e declarou que está “disposto a ir às últimas consequências” para retirá-lo do poder:

O senhor teve uma série de agendas hoje em Washington. Estão sendo preparadas mais sanções contra o Brasil ou contra autoridades brasileiras?

Certamente, durante essas agendas, a gente vai ter a possibilidade de levar as atualizações daquilo que está acontecendo no Brasil, os últimos acontecimentos como as repercussões da prisão domiciliar do meu pai, o ex-presidente Bolsonaro, e certamente Trump segue tendo uma possibilidade muito grande sobre a sua mesa sobre a aplicação de sanções.

Há a extensão da Lei Magnitsty para outras pessoas. Há, na mesa do secretário Marco Rubio, a retirada de vistos, entre outros mecanismos de pressão para tentar fazer com que o Brasil saia dessa crise institucional que nós vivemos.

Uma grande batalha que nós temos, e a gente tem batido nessa tecla, seria aprovar, ou pelo menos, apreciar o projeto de lei da anistia [aos envolvidos no 8 de Janeiro].

Essa é uma pauta do maior partido da Câmara de Deputados, que é o PL, nosso partido. Há mais de cinco meses o PL tenta pautar sem sucesso.

Chega um momento em que as promessas de tratativas não dão mais certo e, realmente, você começa a ter algo tido como mais radical, como por exemplo, que foi a ocupação da mesa da Câmara dos Deputados. (…)

O senhor diz que não está preocupado com cálculo eleitoral, mas o senhor está preocupado com o prejuízo que o tarifaço anunciado por Donald Trump vai ter na vida cotidiana de milhares de brasileiros?

Estou preocupado [com a possibilidade] de o Brasil consolidar esse regime e viver durante décadas igual a Cuba, igual à Venezuela. Se a gente chegar nesse ponto, o Brasil vai ter saudades de um tarifaço de só 50%. Eu estou preocupado em resgatar a dignidade do Brasil […] eu estou preocupado em ter uma eleição em 2026, com a ampla participação da oposição, com Jair Bolsonaro concorrendo, comigo concorrendo, com várias outras pessoas podendo disputar o pleito […]

Eu não posso admitir que a gente vá ter uma eleição em 2026, quando o Alexandre Moraes vai decidir quem podem ser os candidatos. Isto está fora de cogitação.

E eu estou disposto a ir às últimas consequências para retirar esse psicopata do poder.

Se depender de mim, a gente vai continuar aqui, dobrando a aposta até que a pressão seja insustentável e as pessoas que sustentam Moraes larguem a mão dele para que ele vá sozinho para o abismo

O senhor menciona o fato de que o senhor não gostaria que o Brasil fosse tomado como refém. Mas quando a maior potência do mundo ameaça tarifas sobre o Brasil, caso o Brasil não dê anistia ao seu pai, por exemplo, isso não é também colocar o Brasil como refém?

Na verdade, o meu pai é só uma das vítimas no meio disso tudo. O nosso trabalho quando falamos de anistia vai muito além dele. Eu faço só pontuação para deixar claro que não é uma questão pessoal o que me move aqui.

Eu discordo de você porque é o seguinte: os Estados Unidos, o governo Trump, ele está limpando a bagunça deixada para trás pelo governo [Joe] Biden. O Biden mandou seu diretor da CIA [William Burns], o secretário da Defesa [Lloyd Austin], o Conselheiro de Segurança Nacional [Jake Sullivan] […] e vários outros agentes para o Brasil, nos bastidores, para ameaçar que se o Brasil não reconhecesse o resultado da eleição, parece até que eles já sabiam qual seria o resultado, o Brasil sofreria sanções. Isso, sim, é uma ameaça. Isso é típico de um governo criminoso.

Quando Trump coloca tarifa e vai ao Truth Social [rede social de Trump] e escreve o que está acontecendo no Brasil, quando Christopher Landau [vice-secretário de Estado dos EUA], o secretário [de Estado] Marco Rubio colocam tudo isso a público, eles fazem isso porque eles estão do lado certo e não há porquê esconder quando fazem a coisa certa. Eles não querem que esse câncer do Brasil dê metástase e se espalhe por outros países […] Trump está tomando uma ação preventiva para não deixar a coisa se alastrar ainda mais.

Assista abaixo: