Durante o período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) residiu nos Estados Unidos, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), estabeleceu uma empresa no estado do Texas em parceria com outros brasileiros envolvidos na disseminação de notícias falsas no Brasil e apoiadores dos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. Com informações de Juliana dal Piva, do UOL.
O parlamentar fundou a Braz Global Holding LLC em 18 de março deste ano, juntamente com o influenciador Paulo Generoso, um bolsonarista que revelou-se bem informado dos bastidores da tentativa frustrada de golpe no fim do governo que defendia, e com André Porciúncula, ex-secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura durante o governo Bolsonaro. Generoso registrou a empresa em seu endereço residencial em Arlington, no Texas.
O mesmo endereço da Braz Global foi utilizado para registrar um instituto e uma incorporadora, também dirigidos por Generoso e Porciúncula. No entanto, o nome de Eduardo não consta nessas outras duas empresas.
Procurado para falar sobre a empresa, o deputado Eduardo Bolsonaro questionou as intenções dos jornalistas com a reportagem: “Por que vocês estão me investigando? Conhecendo um pouquinho do UOL e um pouquinho de vocês, eu prefiro não falar nada.”
Quando indagado sobre as atividades da empresa, o parlamentar novamente se esquivou: “Não tem nada demais. Explicar o quê? Estou devendo alguma coisa?”
Por fim, ao caminhar rapidamente pelos corredores entre os seguranças, o parlamentar afirmou que “não devia explicações” e mencionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sem sequer ter sido questionado. Ele acrescentou que “falaria com o TSE” caso fosse chamado.
Os demais sócios foram contatados, mas não retornaram à reportagem do portal.
A Braz Global Holding foi registrada no governo do Texas, mas os documentos obtidos não fornecem informações sobre a natureza do negócio. No mesmo local, em um curto espaço de tempo, Paulo Generoso registrou outras duas empresas: a Liber Group Brasil, em 13 de janeiro, e o Instituto Liberdade, em 8 de fevereiro. Nestas empresas, Eduardo Bolsonaro não é oficialmente mencionado como responsável, apenas Generoso, André Porciúncula e outra ex-servidora do governo Bolsonaro, Raquel Brugnera, que são apresentados como diretores.
Raquel e Paulo Generoso são os fundadores do Movimento República de Curitiba, que surgiu em 2016 para apoiar a Operação Lava Jato. Além disso, o movimento endossou a eleição do ex-presidente em 2018 e 2022. Com 1,2 milhão de seguidores, a página do grupo no Facebook divulgou informações falsas sobre urnas eletrônicas, a pandemia de COVID-19 e expressou apoio a tentativas de golpe. A página também está sob investigação da CPMI sobre Fake News. Em janeiro de 2023, a conta do Twitter de Paulo Generoso foi suspensa por ordem judicial, conforme anunciado pela própria empresa nas redes sociais.