Eduardo Bolsonaro intensifica estratégia política para se afastar da sombra do pai

Atualizado em 27 de setembro de 2025 às 14:54
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Foto: Reprodução/ Casa Branca

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está nos Estados Unidos desde fevereiro e busca projetar-se como líder de um setor mais ideológico do bolsonarismo. Ele ganhou notoriedade internacional ao se envolver na crise tarifária entre Brasil e Estados Unidos e atua ligado a líderes da ultradireita no exterior.

Enquanto enfrenta risco de ter seu mandato cassado pela Câmara, Eduardo articula um caminho político próprio, distante da sombra do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O deputado já sinalizou que considera disputar a Presidência em 2026, mesmo sem apoio do pai, e suas divergências familiares foram registradas em relatório da Polícia Federal.

Ele vem formando uma base de apoio entre 20 e 30 deputados federais e estaduais. Parte desse grupo pode migrar para partidos menores ao lado do filho do ex-presidente, mantendo a influência eleitoral do clã Bolsonaro. Procurado pela Folha, Eduardo não respondeu à reportagem.

O objetivo declarado é proteger o espólio político do pai, atualmente inelegível e condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de estado e outros crimes. Eduardo acredita que a eleição de nomes do centrão, como o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfraqueceria o movimento bolsonarista. Ele chegou a classificar uma possível reeleição de Lula como um “mal necessário” para preservar a influência do grupo.

A postura radical do deputado provocou afastamento de aliados e atritos com dirigentes do centrão e com Valdemar Costa Neto, presidente do PL. O senador Ciro Nogueira chegou a pedir que Eduardo concentrasse críticas na esquerda e poupasse aliados. Após nova divergência, o deputado qualificou como “canalhice” declarações de Valdemar sobre sua candidatura.

Eduardo Bolsonaro e o presidente do PL, Waldemar Costa Neto. Foto: Reprodução/ Cristiano Mariz

Eduardo também é acusado de dividir a direita e expor publicamente divergências internas, dificultando acordos políticos. Um exemplo é sua defesa de anistia ampla aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, que enfrenta resistência no Congresso, Judiciário e Executivo. Aliados avaliam que Jair Bolsonaro aceitaria prisão domiciliar caso houvesse um acordo.

Temendo prisão ao retornar ao Brasil, o deputado permanece nos EUA, classifica o país como “ditadura do Judiciário” e critica o centrão como adversário do bolsonarismo. Ele mira Tarcísio de Freitas e busca reconstruir a rede ideológica que orbitava Olavo de Carvalho, hoje alinhada internacionalmente a Steve Bannon.

O projeto presidencial de Eduardo envolve negociações com partidos menores, apoio de empresários e influência de mídias digitais, incluindo youtubers e empresários próximos. Deputados estaduais e federais ligados a ele, como Cristiano Caporezzo, Leandro de Jesus, Marcos Pollon e Cabo Bebeto, consideram Eduardo sucessor natural de Jair Bolsonaro e planejando sua candidatura para 2026.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.