
A nova pesquisa da Quaest revela um dado esmagador: 84% dos brasileiros defendem uma união nacional contra os ataques do governo americano. O número desmonta qualquer narrativa bolsonarista de que a população apoiaria uma submissão covarde ao trumpismo ou que Jair Bolsonaro ainda seja um ativo político relevante.
É nesse cenário que Eduardo Bolsonaro ajuda a enterrar o próprio clã. Em vez de defender o país, o deputado optou por seguir de joelhos diante de Donald Trump, a quem atribui uma fidelidade quase mística. O problema é que, ao fazer isso, expôs seu pai ainda mais — tanto no plano jurídico quanto no político.
Primeiro, há o efeito direto sobre Jair Bolsonaro. Ao insistir em ações externas que contrariam os interesses do Brasil, Eduardo ajuda a alimentar a percepção pública de traição à pátria. Com o avanço dos processos no Supremo Tribunal Federal, o clã Bolsonaro precisa de apoio político e popular para manter alguma margem de manobra. Eduardo faz o oposto: isola o pai, tensiona as relações institucionais e fortalece o discurso da oposição de que o ex-presidente sempre operou contra os interesses do país.

Segundo, há o aspecto simbólico. O bolsonarismo foi derrotado nas urnas, mas sobreviveu como movimento político. Agora, sofre um baque direto vindo de dentro. As atitudes de Eduardo são vistas como insanas até mesmo por setores da direita, especialmente no agronegócio, que começa a perceber o custo de confrontar os EUA sem uma estratégia clara — e só para agradar Trump.
Napoleão Bonaparte dizia: “Nunca interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro.” Lula e o governo brasileiro não precisam fazer muito: basta assistir Eduardo Bolsonaro falar. A cada vídeo, tuíte ou discurso, ele colabora com o colapso da própria base.
A pesquisa da Quaest confirma isso. A ampla maioria da população quer unidade, não submissão. Quer defesa do país, não vassalagem ideológica. Quer que o governo enfrente as tentativas de chantagem econômica dos EUA com firmeza e diplomacia. O bolsonarismo, ao escolher o lado errado, se isola de vez.
Se alguém ainda tinha dúvida de que o movimento liderado por Jair Bolsonaro estava em declínio, Eduardo tratou de acabar com ela. Num momento em que o pai precisa de cautela, o filho escolheu o confronto. É hora de enterrar essa quadrilha como o gato faz com as fezes.