
Em sua coluna no Globo neste domingo (28), o jornalista Merval Pereira afirmou que a luta do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) por uma anistia “ampla, geral e irrestrita” é um ato de interesse pessoal para evitar a própria prisão e tentar retornar à política, mesmo que isso represente uma “morte política” de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL):
A luta desvairada do quase ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro pela anistia “ampla, geral e irrestrita” não é a favor de seu pai, ou dos condenados pela tentativa de insurreição de janeiro de 2023, mas a seu favor pessoal. Sem uma anistia desse quilate, ele não voltará à política, muito menos ao Brasil, onde será preso ao desembarcar, pois o processo sobre obstrução à Justiça certamente será encerrado com sua condenação, tantas são as provas dadas por ele mesmo ao longo do tempo.
Diz a lenda antiga que os deuses, quando querem destruir uma pessoa, primeiro as enlouquecem. Eduardo e seu parceiro Paulo Figueiredo estão nesse processo de enlouquecimento que os faz perder a noção de suas forças, as avaliando além da realidade. O mesmo processo faz com que Eduardo Bolsonaro se sinta capaz de ser candidato à presidência da República, quando ninguém, nem mesmo seu pai, o quer nessa posição. […]

Como falta pouco mais de um ano para as eleições, não há nada definido, embora a esquerda leve uma vantagem aparente no momento diante da cisão interna da direita. Mesmo que o destino dele e dos seus dependa fundamentalmente da eleição de um correligionário no ano que vem, ganhar com um potencial líder direitista com futuro pela frente pode não ser uma boa perspectiva para Jair Bolsonaro, que avalia estar liberado para disputar a eleição de 2030.
Por mais que Tarcísio se esforce para convencer Bolsonaro de que é seu êmulo, perdendo assim a confiança dos que o vêem como um direitista moderado, ele não tem a confiança da “famiglia”, o que vale como uma demonstração de que ainda merece confiança do centro. Nesse jogo de quebra-cabeça que ainda não foi montado, está a definição da próxima eleição presidencial. […]
A disrupção provocada pelos esquemas de corrupção montados pelo petismo no mensalão e no petrolão foi a tentativa de controlar o Congresso para “passar a boiada” através de aprovação de leis de controle da comunicação, das artes, da economia, que não deu certo e acabou em cadeia ou impeachment. A democracia brasileira, com seus defeitos e suas inseguranças, tem dado conta dessas tentativas de governantes autoritários. Vamos ver até quando resistimos escolhendo sempre o menos pior.