Eduardo Bolsonaro vira constrangimento em missão da CNI nos EUA

Atualizado em 5 de setembro de 2025 às 9:45
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usa prendedor de gravata que foi do ex-presidente dos EUA Ronald Reagan. Foto: Reprodução

Empresários brasileiros que participam de missão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Washington relataram desconforto com a presença do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do golpista Paulo Figueiredo no hotel onde parte da comitiva está hospedada, conforme informações da colunista Mariana Sanches, do UOL.

De um “certo desconforto” a um “super constrangimento”, ao menos seis representantes do setor afirmaram ter se surpreendido com a aparição do parlamentar.

Na manhã desta quinta-feira (4), Eduardo foi visto conversando com um empresário supostamente ligado ao setor de pesca no café do hotel. A Abipesca, entidade que integra a delegação de cerca de 130 pessoas, negou que algum de seus membros tenha convidado o deputado.

Nos grupos de WhatsApp, empresários chegaram a especular quem teria sido o “anfitrião” de Eduardo, mas o mistério permaneceu até a noite.

Reação da comitiva empresarial

Para representantes do setor industrial, a presença de Eduardo foi recebida com estranhamento. “É algo que não tem nem sentido, né?! Não foi ele quem criou o problema? Agora vai aparecer aqui para vender solução?”, questionou um empresário do Sudeste. Outro classificou a situação como “estranhíssima”. Todos falaram sob reserva, e nenhum defendeu a participação do deputado.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que a missão empresarial foi organizada para evitar qualquer vínculo político, excluindo parlamentares e até técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que manifestaram interesse em participar. Alban disse ter sido surpreendido pela presença de Eduardo.

“Por que é que nós vamos perder a razão, para quê vamos misturar alhos com bugalhos? A visita dos senadores era política, queríamos fazer uma visita empresarial”, explicou. “Eu sei que a CNI não convidou [Eduardo], mas não sei se alguém convidou porque tem relação pessoal.”

Enquanto a delegação buscava diálogo para negociar tarifas, Eduardo Bolsonaro admitia estar em Washington em busca de novas sanções contra o Brasil, num momento em que seu pai é julgado por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Figueiredo tenta explicar presença

Paulo Figueiredo disse que Eduardo havia sido chamado para falar a um grupo de empresários, mas condicionou sua participação a receber a lista de presentes — algo que não ocorreu. Assim, o encontro acabou restrito a pessoas que o deputado já conhecia.

“Não foi a CNI que nos chamou. Foram cinco empresários, encontramos com alguns ontem e fizemos um café da manhã menor hoje. Mas não faz sentido dizer quem são, não vamos expor”, afirmou Figueiredo.

Eduardo e Figueiredo têm feito campanha junto ao governo Trump por sanções ao Brasil. Na carta em que determinou o tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, o presidente dos Estados Unidos ecoou argumentos da dupla ao chamar de “caça às bruxas” o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no STF.

Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em frente à sede do Departamento de Estado dos EUA. Foto: Reprodução