Eduardo confirma que fica nos EUA e vai largar o mandato: “Eu tô me sacrificando”

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 13:05
Eduardo Bolsonaro nos EUA.
Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à Coluna do Estadão, publicada nesta segunda-feira (14), que decidiu não retornar ao Brasil por temer ser preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse “lamentar” a decisão, mas confirmou que abrirá mão do mandato e permanecerá nos Estados Unidos. “Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, declarou.

Eduardo pode se licenciar do mandato até o próximo domingo (20), data em que completa quatro meses longe do cargo. Questionado sobre o prazo, confirmou que não pretende voltar. “Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui. O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil”, disse.

O parlamentar afirmou que, caso voltasse ao país, seria alvo de perseguição política. “No Brasil, o STF, quer dizer, Alexandre de Moraes, ia tentar colocar uma coleira em mim, tirar meu passaporte, me fazer de refém, ficar ameaçando, como ele sempre faz – mandando a Polícia Federal na casa, abrindo inquérito, inquirindo pessoas ao meu entorno”, alegou.

Eduardo também criticou a atuação de deputados de esquerda e afirmou que não há tratamento igual para os de direita. “Se o Brasil estivesse vivendo uma normalidade democrática, em que o deputado pudesse falar, onde os deputados de direita pudessem ser iguais a um deputado de esquerda… Mas como não tem, eu tô me sacrificando, sacrificando o mandato, para levar adiante a esperança de liberdade”.

Alexandre de Moraes, arqui-inimigo do bolsonarismo

Ele também declarou ter convicção de que será preso se pisar novamente no país. “O mesmo movimento feito para pegar meu passaporte está sendo feito agora para a minha prisão”, disse. Eduardo se referiu a uma solicitação feita pelo deputado Lindbergh Farias (PT) ao STF, que, segundo ele, teria motivado a manifestação do procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, mesmo antes do prazo.

“Duas horas depois do meu anúncio de que ficaria nos Estados Unidos, o Gonet publicizou a decisão dele de não pegar meu passaporte e, no mesmo dia, Moraes arquivou meu caso”, afirmou.

Na avaliação do deputado, há uma tentativa orquestrada para prendê-lo. “Os próprios impetrantes – Lindbergh e Rogério Correia – fizeram um vídeo dizendo que ‘se o Eduardo voltasse para o Brasil o Xandão ia pegar o passaporte dele’. Então eu não tenho segurança de retornar ao Brasil”, completou.

Eduardo também afirmou que não repetirá o erro de outros aliados, como o ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. “Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional”, disse. E fez um desafio direto: “Se o Alexandre de Moraes quiser, eu desafio ele a me condenar à revelia e mandar o pedido de extradição para os Estados Unidos.”

O deputado disse que ainda não comunicou sua decisão ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): “Não conversei com meu pai. Mas tenho dois caminhos bem claros: seguir nos Estados Unidos trabalhando na nossa causa ou retornar para ser preso”.

Por fim, Eduardo rebateu a ideia de que está fugindo. “Não, nenhuma [preocupação com a fama de fujão]. Eu tenho total segurança naquilo que estou fazendo. E, cada vez mais, você vê que tenho tido apoio.” Ele afirmou que vai realizar um evento em Miami no dia 26 de julho e reforçou sua visão crítica sobre o STF: “Um País que não tem um Judiciário decente não tem soberania.”