Eduardo já é descartado por Centrão e PL para eleições de 2026; entenda

Atualizado em 27 de agosto de 2025 às 16:14
Eduardo Bolsonaro em evento da extrema-direita nos EUA. Foto: Saul Loeb/AFP

Lideranças do Centrão e do próprio Partido Liberal (PL) tentam minimizar o impacto que uma eventual candidatura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à Presidência poderia ter sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A avaliação predominante nos bastidores é que Tarcísio segue como principal nome da direita para a disputa do Palácio do Planalto em 2026.

Além disso, há expectativa de que Eduardo esteja inelegível até lá. A leitura de dirigentes é de que o deputado deve ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação que apura sua atuação nos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras no contexto da tentativa de golpe de Estado.

Líderes do Centrão acreditam também que será possível construir uma ampla aliança partidária em torno da candidatura de Tarcísio, o que esvaziaria movimentos de Eduardo junto a siglas de direita.

Até agora, dirigentes avaliam que não há partido de peso disposto a abrigar o deputado, caso insista em concorrer. Integrantes do PL e aliados do centrão ainda apostam que o próprio Jair Bolsonaro apoiará Tarcísio em detrimento do filho, considerando o governador como único capaz de manter o capital político do ex-presidente e viabilizar a vitória de um sucessor.

As tensões internas aumentaram depois que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, revelou que Tarcísio afirmou a ele e a outros políticos que, caso decida disputar a Presidência, se filiará à legenda. A possibilidade foi interpretada por Eduardo e seus aliados como tentativa de enfraquecer Jair Bolsonaro e herdar sua base eleitoral. Para eles, a aproximação entre Tarcísio e Valdemar representa um movimento de substituição do ex-presidente como líder da direita.

Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro sérios
Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro – Reprodução

Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo e voz próxima ao deputado nos Estados Unidos, reforçou essa leitura. Ele declarou que “há 90% de chance de Eduardo deixar o PL” e foi além: “Essa chance aumenta se Tarcísio for para o PL. Caso isso ocorra, Eduardo deixará o partido e irá para outra legenda para ser candidato à Presidência por outro partido”. A fala expôs a divisão interna e ampliou o desgaste público.

Outro ponto de atrito é a ausência do nome de Eduardo em pesquisas presidenciais contratadas pelo próprio PL. O deputado e seu grupo interpretam a exclusão como parte de uma estratégia da cúpula para consolidar novos presidenciáveis. Segundo informações da colunista Bela Megale, essa movimentação aumentou a insatisfação do parlamentar. Aliados afirmam que o gesto mostra uma tentativa de esvaziar sua projeção nacional.

Integrantes da legenda, no entanto, afirmam que a escolha dos nomes testados nos levantamentos é definida pelo próprio Jair Bolsonaro. De acordo com eles, foi ordem do ex-presidente que nenhum de seus filhos fosse incluído nos cenários de 2026.

Entre os nomes priorizados nas sondagens aparecem Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, vistos como alternativas do partido. Eduardo, por sua vez, foi testado apenas para o Senado por São Paulo, onde apareceu atrás do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.