Eduardo manda o sinal para que sacrifiquem Nikolas. Por Moisés Mendes

Atualizado em 29 de julho de 2025 às 6:22
Os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Reprodução

Para apostar na intriga e ver o racha se transformar em guerra pesada, poderíamos dizer que Nikolas Ferreira é atacado por Eduardo Bolsonaro por ser uma ameaça real, como nova liderança do fascismo, ao filho que conspira contra o Brasil.

Nesta segunda-feira, Eduardo escreveu no X: “Ela (sic) é uma pessoa abjeta, que defende a minha prisão e de minha família. É triste ver a que ponto o Nikolas chegou.”

Eduardo refere-se a Nikolas como “ela”, o que pode ser apenas um erro de digitação, mesmo que as teclas do “e” e do “a” não estejam lado a lado no teclado.

O que importa é que a briga está crescendo. O filho ataca Nikolas com o argumento de que ele não defende seu pai e a anistia e não faz manifestações fortes em apoio à sabotagem de Trump.

E aí a pergunta previsível é: com Eduardo nos Estados Unidos, com a maioria da população rejeitando os ataques de Trump e com chance zero de retornar ao Brasil agora, Nikolas seria um competidor forte fora da família nos próximos anos?

A resposta da torcida antifascista poderia ser um sim. Mas parece que não. Nikolas ainda não tem idade nem inteligência política para entrar em briga de cachorro grande.

Nikolas é um tiktoker com mandato, o grande tiktoker do fascismo. O que pode acontecer é o contrário. O cara da peruca, o transfóbico raso, agressivo e impune — esse sujeito poderá ser sacrificado como o pequeno cachorro louco do bolsonarismo.

Nikolas será investigado pela Justiça Eleitoral de Minas como disseminador de fake news. Foi por espalhar mentiras que Carla Zambelli sofreu a primeira condenação e ficou inelegível.

Se a velha direita e as estruturas da extrema direita entenderem que Nikolas não joga para o time, e se essa percepção de fragilização política chegar aos juízes que irão julgá-lo, adiós, Nikolas.

Pouco importa se ele é o maior fenômeno eleitoral de Minas nos últimos anos e a grande estrela jovem da extrema direita.

Vejam o que aconteceu com a poderosa Zambelli, a deputada mais votada da direita em São Paulo, abandonada pelos parceiros. Bolsonaro pode dar um sinal para que o moço seja expelido, e aí começará o processo de expurgo.

Nikolas Ferreira pode estar com o mandato em risco, mesmo que parte da direita, para muito além do Centrão, esteja hoje tentando se desplugar de Bolsonaro e de Eduardo — e mais ainda pelo desgaste com o tarifaço de Trump.

Todos os que se projetaram às custas da família, que é o caso de Nikolas, e tentaram saltar fora da facção, buscando reacomodação numa direita não bolsonarista, se deram mal.

Perderam força política e perderam até mandatos. Alguns ingratos morreram de morte estranha.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/