
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se reuniu com representantes do Departamento de Estado dos EUA para reforçar a ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF com uma proposta absolutamente delirante.
Segundo apuração da colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o parlamentar levou reportagens da imprensa brasileira traduzidas para o inglês com o objetivo de ampliar o alcance das sanções impostas ao magistrado pela gestão Donald Trump, por meio da chamada Lei Magnitsky.
Na reunião, Eduardo Bolsonaro argumentou que, embora os bancos brasileiros tenham restringido apenas operações em dólar, a medida deveria se estender também às transações em reais, como se o governo americano tivesse poder para tanto.
Os representantes do governo Trump teriam dito que a sanção se aplica a qualquer moeda, o que, na prática, impossibilitaria Moraes de movimentar contas bancárias no Brasil. Eduardo relatou a aliados que os americanos consideram comunicar oficialmente os bancos brasileiros ou até aplicar punições diretas às instituições.
Nesta sexta-feira (1º), durante a reabertura do Judiciário, ministros do Supremo saíram em defesa de Moraes e criticaram publicamente Eduardo. O decano Gilmar Mendes declarou que “um deputado, na linha de frente do entreguismo, fugiu covardemente para os EUA” para atacar o STF, em um “verdadeiro ato de lesa-pátria”. O magistrado evitou citar nomes, mas a referência foi clara.
Gilmar acusa Eduardo Bolsonaro de cometer ato de lesa-pátria.
“Entre eles, um deputado que na linha de frente do entreguismo fugiu do país para covardemente difundir aleivosias contra o Supremo Tribunal Federal, um verdadeiro ato de lesa-pátria”. pic.twitter.com/qnMpOEMG9T
— Fernanda Salles (@reportersalles) August 1, 2025
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, também fez um discurso incisivo. Ele exaltou a “bravura” de Moraes e os “altos custos pessoais” pagos por ele na resistência às tentativas de golpe e à erosão da democracia no país. O próprio Moraes discursou na sessão, relacionando os ataques a sanções estrangeiras ao mesmo “modus operandi” observado nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A tentativa de Eduardo Bolsonaro de ampliar o bloqueio financeiro contra um ministro da Suprema Corte foi interpretada por integrantes do Judiciário como grave atentado à soberania nacional. Aliados de Moraes veem a ação como prolongamento dos ataques antidemocráticos do entorno de Jair Bolsonaro, mesmo após a inelegibilidade do ex-presidente.
A Lei Magnitsky, usada por Trump para sancionar Moraes, é um instrumento que permite aos EUA punirem autoridades estrangeiras por supostas violações de direitos humanos. A atuação de Eduardo para dar base a essa medida, agora também em moeda local, intensificou o embate institucional entre o bolsonarismo e o STF.