Eduardo usa nome de Lula para tentar acelerar sanções dos EUA contra Trump; entenda

Atualizado em 13 de julho de 2025 às 10:15
Eduardo Bolsonaro desafia Alexandre de Moraes em post no Instagram — Foto: Reprodução/Instagram

Nos Estados Unidos desde fevereiro, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificou sua atuação internacional ao sugerir, nas redes sociais, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só conseguiu chegar ao poder graças ao ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram feitas em meio à tensão entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump sobre tarifas comerciais e os Brics, grupo do qual o Brasil faz parte.

Na publicação em inglês, Eduardo utilizou o nome de Lula para pressionar Trump a aplicar sanções contra Moraes. O parlamentar argumenta que, sem o ministro, Lula não teria força política para retaliar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. “Sem Moraes, Lula não passaria de um bêbado de rua, cujas opiniões ninguém se importa. Sem Moraes, Lula jamais teria saído da prisão e sido eleito presidente em 2022”, escreveu.

A investida de Eduardo Bolsonaro nas redes faz parte de uma estratégia mais ampla. Desde que se mudou para os EUA, ele tem promovido reuniões com conservadores norte-americanos e articulado apoio para a imposição de medidas punitivas contra autoridades brasileiras, em especial Alexandre de Moraes. Ele também defende a anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Para o deputado licenciado, a permanência de Moraes no STF representa um bloqueio institucional que, segundo ele, impede o Congresso Nacional de atuar livremente. Eduardo afirma que, com a saída do ministro, o Legislativo estaria em condições de aprovar a anistia dos presos e reorganizar as estruturas de poder. “O Congresso só precisa sair das garras de Moraes”, declarou.

Eduardo também usou o contexto para se colocar como possível sucessor do pai na corrida presidencial de 2026. Segundo ele, está “100% pronto” para concorrer, caso Jair Bolsonaro não possa ou decida não disputar o cargo. Ele condiciona sua candidatura ao que considera uma mudança estrutural no cenário político, com a saída de Moraes do Supremo.

“A primeira etapa é sancionar o Moraes”, afirmou, referindo-se à expectativa de que os EUA adotem punições contra o ministro. Em sua avaliação, isso abriria uma “janela de oportunidade” para o Congresso reagir e promover as mudanças desejadas por ele e seus aliados.

A fala de Eduardo Bolsonaro reforça a aposta da família em manter influência sobre a direita brasileira mesmo com as dificuldades judiciais de Jair Bolsonaro. A estratégia é ampliar o apoio internacional a suas pautas, transformando temas domésticos em causas globais entre conservadores.

As declarações ocorrem em meio ao aumento da tensão entre os governos de Lula e Trump. O atrito ganhou destaque após o petista criticar a política externa de Trump e seu apoio a Jair Bolsonaro. A menção de Eduardo a Lula e Moraes insere o debate em uma arena internacional, buscando apoio fora do Brasil para questões que envolvem diretamente o Judiciário e o processo democrático nacional.

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Lindiane Seno
Lindiane é advogada e moderadora das lives no DCM.