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Edward Snowden é a pessoa do ano para o DCM

Ele

 

Edward Snowden, 30 anos, é a pessoa do ano para o DCM. Tinha de ser. O ex-analista da CIA é o responsável pelo que se tornou o furo jornalístico de 2013 e um dos mais impotentes da última década. Os documentos publicados por Glenn Greenwald no Guardian expuseram a imensa teia de espionagem dos EUA. Sobrou para todo o mundo — Brasil, inclusive como você sabe.

Snowden não era ninguém há seis meses. Ficou mundialmente famoso, talvez mais do que quisesse, e tornou popular uma sigla como NSA,  a National Security Agency, que a imensa maioria das pessoas não tinha ideia de que existia. Aliás, sua própria existência era ignorada pela maioria de seus colegas em seu local de trabalho.

É um herói dos tempos modernos, da Era Digital. Só na mente dos teóricos da conspiração se flava que o governo americano estivesse monitorando e coletando dados de cidadão nesse nível.

Chamado de traidor, patriota, dissidente, terrorista, ele é, na verdade, um libertador. Nada saiu de graça, obviamente. Passou semanas pedindo asilo (inclusive no Brasil, o que lhe foi negado). Acabou em Moscou, onde vive correndo risco de ter o mesmo fim de Chelsea (ex-Bradley) Manning, condenada a 35 anos de cana.

Tem os Estados Unidos, ainda. Conta com a ajuda de uma mulher que foi chamada de seu “anjo da guarda”, Sarah Harrison, assistente de Julian Assange no Wikileaks.

Snowden pensou em vazar os dados em 2008, mas desistiu porque diz que acreditou “nas promessas de Obama” (ele e o mundo). “Não tenho nenhuma intenção de me esconder porque eu sei que não fiz nada de errado”, disse em junho.

Há poucos dias, o próprio Obama se resignou parcialmente. Numa plateia de estudantes da Universidade Americana de Washington, Obama disse que “os jovens são sensíveis à necessidade de manter sua privacidade e liberdade na Internet”. Complementou afirmando que as revelações de Snowden “identificaram algumas áreas de preocupação legítima”.

Em outubro, Snowden leu uma declaração que resume suas intenções:

Nos disseram que o que é inconstitucional não é ilegal, mas nós não seremos enganados. Nós não nos esquecemos de que a Quarta Emenda na Carta proíbe o governo não só de vasculhar nossos bens pessoais como de se apropriar deles sem mandado.

Com base nesse princípio, nós declaramos que a vigilância em massa não tem lugar nesse país.

É tempo de mudança. As eleições estão chegando e nós estamos de olho em vocês.

Snowden para presidente. Antes que lhe dêem sumiço.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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