
De agosto de 2024 a julho de 2025 a área desmatada no bioma Amazônia Legal atingiu 5.796 km², segundo relatório anual divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira (30). Esse resultado marca uma redução de 11% em relação aos 6.288 km² registrados no ciclo anterior.
A taxa representa o menor índice em 11 anos e materializa uma sequência de quatro anos de queda no desmatamento. O monitoramento anual é feito pelo sistema Prodes, reconhecido como a medição mais precisa para supressão de floresta primária na Amazônia Legal.
Apesar da redução no corte raso, os pesquisadores identificaram um crescimento expressivo na degradação florestal — processo em que a cobertura vegetal sofre perdas progressivas sem que haja derrubada total. Essa mudança na dinâmica da destruição é considerada um alerta para o futuro da floresta.
O uso dos sistemas de monitoramento do Inpe, como o Prodes para taxa anual e o Deter para alertas mensais, permite acompanhar não apenas as áreas onde a vegetação foi removida, mas também onde há sinais de dano gradual, como incêndios ou exploração seletiva.
Entre as principais explicações apresentadas pelo governo federal para a queda no desmatamento estão o aumento das operações de fiscalização, a integração do controle ambiental ao sistema de crédito rural, com bloqueio de cerca de R$ 6 bilhões para produtores com histórico de desmate, e investimentos em municípios engajados no combate à devastação, que obtiveram redução média de 65,5% nas áreas aderentes ao programa federal.

No entanto, o aumento da degradação vem acompanhado de dados preocupantes. Segundo estimativas, esse tipo de dano sofreu elevação dos 7% em 2022, para 20% em 2023, 27% em 2024 e 38% em 2025, conforme base de cálculo do próprio Inpe.
Na prática, isso indica que trechos da floresta continuam sendo fragilizados por cortes seletivos, incêndios ou secas, mesmo que a derrubada total esteja menor.
No plano estadual, a redução do desmatamento variou bastante: em Tocantins o recuo foi de 62,5%, em Amapá de 48,15%, em Roraima de 37,39%, em Rondônia de 33,61%, em Acre de 27,62%, em Maranhão de 26,06%, em Amazonas de 16,93% e em Pará de 12,40%.
O único estado com alta foi Mato Grosso, com aumento de 26,05%. O resultado traz uma boa notícia para o governo, que pretende apresentar na COP30 a iniciativa do Fundo Tropical das Florestas (TFFF) para financiar a proteção de florestas, entre elas a Amazônia.

